
ambiente
Mira Amaral apresenta manifesto energético ao Governo
Um grupo de 33 personalidades ligadas
ao sector energético, incluíndo o ex-ministro Luís Mira Amaral,
apresentaram hoje, em sessão pública, um manifesto por uma nova
política energética, «sem tabus de qualquer espécie». O
documento foi também entregue, de manhã, ao secretário de Estado
da Energia e Inovação, Carlos Zorrinho.
Com o objectivo de assegurar a
competitivade e sobrevivência da economia portuguesa, estimulando o
debate para uma política energética planeada a médio e longo
prazo, o documento faz uma forte crítica à actual aposta nas
renováveis, em especial a eólica e o fotovoltaico. «Esta é a
tendência europeia e o Governo foi nesta onda», criticou Mira
Amaral, durante a apresentação pública do manifesto, acompanhado
de Clemente Pedro Nunes, João Duque e José Luís Pinto de Sá.
Para os signatários do documento, a
tarifa subsidiada atribuída provoca um agravamento dos preços da
energia eléctrica que terão depois repercussões nos consumidores e
na economia portuguesa. «Quem paga esta diferença? Nós,
consumidores», afirmou, enquanto caracterizava a situação
energética em Portugal como «ridícula».
O antigo ministro do governo
social-democrata defendeu ainda que esta tarifa tem como resultado um
aumento do défice tarifário, que se torna uma dívida pública
oculta. «Não é simpático que os consumidores sintam na pele o
real preço da energia», ironizou.
Renováveis com 2,11 por cento do
total do consumo energético
O grupo de especialistas adiantou ainda
que, paralelamente à questão do sobreendividamento causado pelas
tarifas subsidiadas, as renováveis não resolvem o problema da
pesada importação energética. Apresentando números da
Direcção-Geral da Energia e Geologia, os signatários sublinharam
que as energias eólica, geotérmica e fotovoltaica apenas
representam 2,11 por cento do consumo total de energia primária em
Portugal, devido ao seu “carácter intermitente”.
Outra das críticas apresentadas diz
respeito às novas infra-estruturas hidroeléctricas, planeadas pelo
Governo, que terão capacidade de armazenar o excesso de produção
eólica. Para os signatários, o uso da bombagem hidroeléctrica
trará perdas de energia e o processo acabará por ser falível, já
que o período de chuvas e vento tem tendência para coincidir.
Acusados de usarem o manifesto como
forma de justificar a opção nuclear em Portugal, o grupo afirma
apenas querer fomentar a discussão em torno da política energética
em Portugal. «Não aceitamos que o plano energético seja avançado
sem discussão», explicou Mira Amaral, que repetiu variadas vezes
que todas as opções deverão ser consideradas, desde que contribuam
para uma estratégia para a energia séria, planeada e a longo prazo.
«Fizemos aquilo que, numa democracia normal, os partidos políticos
com assento parlamentar deveriam ter feito», concluiu.