Colunista Pedro Perdigão (Água-Tecnologia): Inovação no setor da água e resultados esperados

Colunista Pedro Perdigão (Água-Tecnologia): Inovação no setor da água e resultados esperados

Não apenas neste setor, mas em todas as utilities há caminhos que são incontestados. Não se encontra quem não queira participar em projetos que visem a descarbonização, a digitalização, a descentralização ou a eficiência.

Para estas tendências universalmente aceites, contribuem áreas de investigação mundial com real, ou potencial, reflexo no nosso setor: a Inteligência Artificial (usando Machine learning e Advanced analytics), a Robotização (no atendimento a clientes), a Internet das Coisas (Low power sensors, IoT e redes 5G) ou o Blockchain (quanto mais não seja já materializado nas criptomoedas).

Mas, mais especificamente no setor da água, parecem existir 3 temas que mais motivam o I&D: 1) a Economia Circular - onde se retira água do ar com humidades relativas de 25% (Air-to-Water); se prometem processos sem qualquer perda líquida (Zero-Liquid-Discharge), se recuperam a energia e os materiais (salmoura ou fósforo) ou se substituem reagentes por subprodutos de outras industrias e da agricultura (casca de arroz a substituir resinas e carvão ativado); 2) as Tecnologias de Tratamento –  com nanotecnologias e a dessalinização ainda em desenvolvimento e novos produtos para tratamento (polímeros recicláveis, novos micro-organismos, floculantes biológicos e, até, o grafeno) e, por último, 3) a Infraestrutura Digital – com mais sensores, cada vez mais abrangentes, baratos e eficientes, com  contadores inteligentes e a prometida Internet das Coisas, por sua vez à espera do 5G, e com a Análise Preditiva e a Inteligência Artificial para lidarmos com o Big Data.

De todo aquele investimento será a partir do I&D na infraestrutura digital que mais entidades gestoras poderão inovar, não apenas por estar relativamente disponível no mercado e em formatos prontos a usar (software, hardware and data as a service), mas também por implicar investimentos relativamente pequenos e retorno identificável.

Assim, se ainda não o fizeram, as entidades gestoras devem começar por investir na sensorização das suas redes, monitorizando-as de forma mais eficaz e eficiente, não esquecendo que os dados de nada servem se não convertidos em informação ou não existirem meios para a subsequente tomada de ações.

Penso que o consumidor do futuro: um consumidor on-line, que gere o seu consumo a partir do telemóvel e espera ser contactado sempre e apenas para evitar que o tenha de fazer, que valorizará o recurso água e exigirá mais transparência e eficiência, assim o espera.

Após a licenciatura em Civil, Pedro Perdigão concluiu o mestrado em Estruturas e foi professor na Faculdade de Engenharia da UP. Tem funções técnicas ou de gestão no setor do abastecimento de água, desde 1996, ano em que iniciou a sua carreira profissional na Águas do Douro e Paiva. Em 2007 saiu do setor para Diretor da Habiserve (grupo de promoção imobiliária) onde foi responsável pelos departamentos de Gestão de Negócio, Sistemas de Informação e Pós-Venda, assim como, Diretor Executivo da empresa de importação de materiais desse grupo - Imperbor. De 2008 a 2009 foi Diretor Geral da Tgeotecnia, SA, empresa do grupo DST para obras de geotecnia. Em 2009 regressou ao setor como Diretor Geral da Águas de Gondomar. Ainda no mesmo grupo, de 2011 a 2016, assumiu as funções de Diretor Geral da Águas de Cascais. Atualmente é Administrador no grupo Indaqua, com responsabilidade nas operações das suas empresas que, só em Portugal, asseguram o abastecimento de água e saneamento a mais de 600.000 habitantes. Para além de assumir funções nas concessões (Fafe, Matosinhos, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, Santo Tirso, Trofa e Vila do Conde) é ainda gerente na empresa de Operação e Manutenção do grupo (Aqualevel) e administrador na Águas de São João da Madeira. É professor no Mestrado de Economia e Gestão Ambiental na Faculdade de Economia da UP.

Topo
Este site utiliza cookies da Google para disponibilizar os respetivos serviços e para analisar o tráfego. O seu endereço IP e agente do utilizador são partilhados com a Google, bem como o desempenho e a métrica de segurança, para assegurar a qualidade do serviço, gerar as estatísticas de utilização e detetar e resolver abusos de endereço.