Comité de Admissão já escolheu projetos de hidrogénio que passam à fase seguinte

Comité de Admissão já escolheu projetos de hidrogénio que passam à fase seguinte

Apenas metade das 74 manifestações de interesse apresentadas a 17 de julho vão passar à fase seguinte, depois de uma triagem efetuada pelo Comité de Admissão. Os 37 projetos selecionados, que  visam a obtenção de fundos comunitários significativos, através da candidatura portuguesa ao Important Project of Common European Interest (IPCEI) do Hidrogénio, representam um investimento de cerca de nove mil milhões de euros. Todos eles estimam «os valores de investimento potencial e permitem identificar os fatores críticos, por componente da cadeia de valor» segundo o comunicado do MAAC.  Para a construção da candidatura IPCEI inicia-se agora um processo mais complexo, desenvolvido pelos participantes selecionados em estreita articulação com as entidades nacionais. Às candidaturas será exigido maior detalhe e verificação das orientações específicas e transdisciplinares, em que será igualmente tida em conta a análise da compatibilidade com o mercado interno.

Nesta corrida perfilam-se já o projeto H2Sines, da EDP e Galp, e o H2Enable da Bondalti Chemicals, somando um investimento de 4 mil milhões. O projecto para Estarreja, o “H2Enable – The Hydrogen Way for Our Chemical Future, da da Bondalti Chemicals, representa um investimento de 2,4 mil milhões de euros, em 20 anos. E prevê que até 2030 avance apenas uma primeira fatia de cerca de 800 milhões.

Por seu lado, a elétrica EDP e a petrolífera Galp uniram-se para apresentar ao Governo o  projeto H2Sines, num consórcio com a REN e outras empresas nacionais e internacionais, com vista à criação de uma central de produção de hidrogénio verde em Sines. Segundo o ECO, esta candidatura exigirá um investimento de 1,5 mil milhões de euros até 2030.

O governo tem defendido um cluster industrial de produção de hidrogénio verde com base em Sines, de dimensão internacional, a que este projeto responde. Para além da exportação, a candidatura inclui a criação de uma componente industrial de produção de equipamentos de valor acrescentado para projetos de hidrogénio e o desenvolvimento de um cluster de I&D+I de referência internacional, com o apoio de mais de 20 empresas, institutos e universidades nacionais.

Como se sabe, o Pacote Energia-Clima da União Europeia tem como meta a redução de, pelo menos, 40% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030. Para o governo, o caminho rumo à descarbonização relaciona-se com a aposta no hidrogénio, através da qual estima que sejam gerados, até 2030, entre 8 a 12 mil postos de trabalho qualificado, em Portugal. Anote-se que as propostas que receberam um parecer desfavorável do Comité de Admissão -  que integra as tutelas da Economia e Transição Digital, do Ambiente e da Ação Climática, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e dos Negócios Estrangeiros - continuam a ser vistas como «uma mais valia na cadeia de valor do hidrogénio e na prossecução da Estratégia Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), podendo candidatar-se ao aviso do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, no valor de 40 milhões de euros, bem como a outras fontes de financiamento setoriais e disponíveis no âmbito do Portugal 2020 e, ainda, a fontes europeias, como o programa Horizon Europe», segundo o MAAC.

Recorde-se que esta aposta no hidrogénio tem dividido especialistas e apresenta diversos desafios em matéria de sustentabilidade financeira, sendo estes investimentos considerados necessários e ao mesmo tempo «um salto no escuro». Esta é uma questão estruturante e que está a movimentar players nacionais e internacionais, pelo que merece um largo debate crítico, juntando o governo e especialistas de diferentes pontos vista, o que acontecerá no próximo 8º Fórum Energia Água&Ambiente, como pode conferir aqui.

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