João Peças Lopes (Energia-Tecnologia): A Central Virtual no Sistema Elétrico do Futuro

João Peças Lopes (Energia-Tecnologia): A Central Virtual no Sistema Elétrico do Futuro

A Central Virtual (Virtual Power Plant – VPP - na literatura anglo-saxónica) é um conceito que começou a ser desenvolvido nos últimos anos e que consiste na agregação de vários recursos energéticos distribuídos, podendo incluir instalações de produção de eletricidade distribuídas (despacháveis e não despacháveis) e consumidores controláveis a que se podem acrescentar sistemas de armazenamento de energia elétrica, de forma a que este conjunto possa operar como uma central única, podendo participar em mercados de eletricidade (energia e serviços), produzindo ofertas firmes de produção e disponibilizando serviços de sistema, como serviços de regulação.

Para que tal seja possível é necessário dispor de um eficiente sistema de comunicação com os diferentes agentes do cluster de recursos distribuídos e dispor de um sistema de gestão e controlo eficaz, que seja capaz de fazer previsões de produção renovável e previsões agregadas da procura para, explorando os recursos capazes de oferecer flexibilidade – sistemas de armazenamento da eletricidade e de gestão da procura – definir a estratégia de operação do conjunto, de forma a minimizar desvios e minimizar custos de operação relativamente às ofertas a fazer em mercado. A Central Virtual é assim um agente intermediário entre entidades de pequena dimensão, sem capacidade para participar em mercados grossistas, e os mercados de eletricidade, admitindo-se vários tipos de contratualização tais como contratos bilaterais e contratos resultantes de leilões diários por posto horário (ou outro).

A primeira central virtual foi instalada na Alemanha há cerca de 10 anos, agregando nove pequenas centrais hidroelétricas e desde então o conceito tem vindo a expandir-se e a conduzir a uma solução mais alargada denominada de Central Virtual Técnica que permite dar suporte à exploração otimizada da rede onde os recursos energéticos distribuídos se encontram ligados. Com base na exploração deste conceito desenvolvem-se atualmente soluções que permitem aumentar a cooperação entre operadores de redes de distribuição (que interliga os agentes ativos distribuídos da Central Virtual) e operadores das redes de transmissão contribuindo para uma integração harmoniosa da produção distribuída no sistema elétrico.

Esta solução permitirá aumentar o volume de produção renovável no sistema elétrico de forma eficiente e segura. Com efeito, o sistema de gestão e controlo da Central Virtual procura também maximizar a integração de recurso primários renováveis no sistema elétrico, otimizando a colaboração entre várias fontes, dispositivos de armazenamento de energia e cargas controláveis e até não controláveis. Assim a Central Virtual terá cada vez mais um papel de relevo no desenvolvimento do sistema elétrico do futuro.

João Peças Lopes é administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. É doutorado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e foi responsável por dezenas de projetos nacionais ou europeus nesta área, tais como a definição de especificações técnicas para a integração de energia eólica no Brasil. É vice-presidente da Associação Portuguesa de Veículos Elétricos.

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