Paulo Rodrigues: Sistemas de Controlo de Acessos – Uma revolução à porta
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Paulo Rodrigues: Sistemas de Controlo de Acessos – Uma revolução à porta

Os últimos avisos do POSEUR e as respetivas sessões de esclarecimento viram “nascer” uma nova tendência que veio para ficar na gestão de resíduos: Os Acessos Condicionados para os contentores de proximidade.

Nestes avisos, ainda que direcionados para a recolha porta-à-porta, percebeu-se que o caminho passa, inevitavelmente, pela integração destas soluções com o porta-à-porta.

A gestão de resíduos inteligente que se caracteriza pela inclusão de sistemas de controlo de acessos que nos permitem perceber o comportamento do cidadão, monitorizar a recolha, níveis de enchimento dos contentores, entre outras valências têm, também, uma outra característica muitas vezes esquecida, mas com um impacto significativo.

Ao introduzirmos tecnologia nos contentores de resíduos, seja através de RFID nos contentores individuais ou Controlo de Acessos nos contentores coletivos, estamos inevitavelmente a entrar no “mundo dos serviços”.

É importante perceber que um sistema de controlo de acessos baseia-se no modelo M2M (Machine to Machine), que associado a este sistema estão inerentes soluções como o envio de dados, webservice ou manutenção e que ter um Controlo de Acessos que não tem associado estas soluções de nada servirá e, na verdade, o que terá é um sistema desligado e que não funciona.

As empresas estão a mudar os seus modelos de negócio. Em vez de produtos passam a vender serviços associados aos produtos. E os resíduos também já estão a entrar no mundo dos serviços.

Um dos princípios da Economia Circular estimula, logicamente, a aquisição de serviços em substituição de produtos. Algumas empresas estão já a mudar os seus modelos de negócios, deixando de ser, como no caso da Philips Lighting, mera fabricante de lâmpadas, para vender serviços de iluminação, inclusive serviços de projeto, instalação e manutenção, como no Aeroporto de Schiphol em Amsterdão.

A aplicação de um modelo circular no setor dos resíduos deveria contemplar a substituição do modelo de aquisição de produtos por serviços e, tal modelo, pode e deve ser pensado futuramente, na aquisição de, por exemplo, Sistemas de Controlo de Acessos e Contentores Inteligentes.

Arrisco-me a dizer que os próprios contentores irão, um dia, ser um serviço que se adquire.

A introdução de tecnologia nos equipamentos não deve ser meramente restrita à aquisição de tecnologia, mas também à introdução de modelos de negócio inerentes à tecnologia, nomeadamente a aquisição de serviços, upgrades, novas versões, entre outros.

Não estou certo de que muitas das candidaturas ao POSEUR tenham a real noção do que são e do que implicam os sistemas de Controlo de Acessos. Para mim, mais do que uma componente da solução são, efetivamente uma oportunidade de transformarmos o setor dos resíduos de consumidor de produtos para utilizador de serviços.

Nesta equação surgem questões estruturais e que podem, inevitavelmente, estar a condicionar esta possibilidade: Estarão os financiamentos do POSEUR direcionados para a aquisição de serviços desta natureza? Estará o sistema que suporta e apoia o investimento mentalizado para uma transição de produtos por serviços? Estão as empresas que fornecem produtos, nomeadamente contentores, preparadas para transitar para um modelo de serviços? Está, quem adquira, consciencializado dos custos de manutenção/fidelização do Controlo de Acessos?

Conforme se anteviu nas sessões de esclarecimento do POSEUR, vamos assistir para muito breve à coexistência destes dois mundos: Produtos-Contentores e Serviços-Acessos Condicionados.

Oxalá saibam coexistir e não colidir.

Paulo Rodrigues é Engenheiro do Ambiente formado pela ESB/UCP com Formação Avançada em Ordenamento da Cidade e Ambiente - UA e Formação Geral em Gestão para a Excelência - PBS. Com um percurso alargado na área de Gestão de Resíduos, desenvolveu e implementou Sistemas de Gestão em diferentes setores de atividade sendo de destacar o setor Residencial, Não-Residencial, sector da Construção e Demolição, Estádios de Futebol, Canal Horeca, Zonas Industriais, PAYT, Prevenção de Resíduos e Gestão de Resíduos em Eventos entre outros. É atualmente Secretário da Comissão Técnica Resíduos – CT209 e tem o registo de Inventor da Patente de Invenção Portuguesa Nº 106819 - “SISTEMA E PROCESSO DE DEPÓSITO E RECOLHA DE RESÍDUOS” COM RECURSO A IDENTIFICAÇÃO DO UTILIZADOR. 

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