Pedro Perdigão: PENSAAR Pequenino não, por favor
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Pedro Perdigão: PENSAAR Pequenino não, por favor

É verdade. O tão distante ano 2020, do PENSAAAR vinte-vinte, chegou.

Assim, passados seis anos, estamos a iniciar a elaboração de um novo PENSAAR ao qual acrescentamos o P de pluviais e do qual se esperam linhas estratégicas para a próxima década.

Antes de iniciar a elaboração de um novo plano (PENSAARP 2030) parece oportuno rever aquele que agora entrega o testemunho, no caso, o PENSAAR 2020.

Como mandam as regras de boa arte, devemos começar por fazer um balanço do plano anterior e da situação de partida. Assim se fez, em 2014, no PENSAAR 2020, à data usando dados que retratavam o setor em 2011. Do balanço feito, há seis anos (no término do PEEASAR II), retiravam-se as seguintes grandes conclusões:

  • a qualidade da água na torneira e nas linhas de água cumpriam, em geral, com o normativo nacional e comunitário;
  • tinham-se atingido taxas de cobertura, na água e no saneamento, que permitiam que o aumento da acessibilidade física (a económica esteve sempre assegurada) deixasse de ser um objetivo em si mesmo.

De qualquer modo, à data (2014) e de acordo com o PENSAAR 2020, estavam por resolver:

1) o desconhecimento das infraestruturas;

2) a adesão dos utilizadores;

3) o baixo ritmo de reabilitação dos ativos;

4) a elevada água não faturada;

5) o desconhecimento dos gastos, por parte de um grande número das entidades gestoras;

6) tarifas insuficientes que, por isso, tinham repercussões na sustentabilidade do setor.

"Como o balanço feito em 2014 permanece (infelizmente) perfeitamente atual temos, pelo menos a parte do balanço do novo plano, pronta e consensualizada (...)"

Era ainda destacado, de entre os objetivos mais aquém do previsto: 1) a baixa dinamização do setor privado, quer através de concessões municipais, quer através da subcontratação nos multimunicipais; 2) a otimização da gestão operacional patente na ineficiência e resultante da baixa empresarialização das entidades gestoras e 3) a recuperação dos gastos e, consequentemente, a sustentabilidade económica do setor.

Como o balanço feito em 2014 permanece (infelizmente) perfeitamente atual temos, pelo menos a parte do balanço do novo plano, pronta e consensualizada, restando mais tempo e recursos para refletir no que falhou para que, neste setor, 2020 seja igual a 2011.

Estabelecido o ponto, e dado o tiro, de partida, devemos agora ser ambiciosos e visionar, no final desta década, um setor competitivo e sustentável, a assegurar com eficiência serviços de qualidade e a projetar, internacionalmente, as nossas competências. Este setor pode ser um setor da economia nacional com contributo positivo para o produto.

Para tal, o mote “serviços de águas de excelência para todos e com contas certas” parece: 1) mal direcionado (as acessibilidades não são tema) e 2) pouco ambicioso. Podemos, seguramente, fazer mais do que o saneamento básico deste país e, mais do que contas certas, precisamos de sustentabilidade económico-financeira, vinda da competitividade e eficiência associada e do utilizador/poluidor.

Pedro Perdigão é professor no Mestrado de Economia e Gestão Ambiental na Faculdade de Economia da UP. Administrador no grupo Indaqua, com responsabilidade nas operações das suas empresas que, em Portugal, asseguram o abastecimento de água e saneamento a mais de 600.000 habitantes. É ainda gerente na empresa de Operação e Manutenção do grupo (Aqualevel) e administrador na Águas de São João da Madeira.

Após a licenciatura em Civil, Pedro Perdigão concluiu o mestrado em Estruturas e foi professor na Faculdade de Engenharia da UP. Tem funções técnicas ou de gestão no setor do abastecimento de água, desde 1996, ano em que iniciou a sua carreira profissional na Águas do Douro e Paiva. Em 2007 saiu do setor para Diretor da Habiserve (grupo de promoção imobiliária) onde foi responsável pelos departamentos de Gestão de Negócio, Sistemas de Informação e Pós-Venda, assim como, Diretor Executivo da empresa de importação de materiais desse grupo - Imperbor. De 2008 a 2009 foi Diretor Geral da Tgeotecnia, SA, empresa do grupo DST para obras de geotecnia. Em 2009 regressou ao setor como Diretor Geral da Águas de Gondomar. Ainda no mesmo grupo, de 2011 a 2016, assumiu as funções de Diretor Geral da Águas de Cascais.

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