
Universidade de Évora desenvolve projeto para criar jardins sustentáveis
A Universidade de Évora (UÉ), em colaboração com a CIMAC (Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central), está a desenvolver o projeto “Plantas Nativas na Cidade – Repensar os Espaços Verdes Urbanos”, que visa generalizar o uso de plantas autóctones nos jardins e espaços verdes das localidades do Alentejo Central, atualmente dominados por espécies exóticas.
O projeto já teve como ponto de partida a cidade de Évora, mas as ações vão estender-se pelos municípios de Montemor-o-Novo, Estremoz, Mourão e Redondo, tendo “um enorme potencial de replicação não só nos 14 municípios do Alentejo Central, mas em todo o continente”, tal como refere Teresa Batista (da CIMAC e docente na UÉ).
O Sargaço (Cistus monspeliensis), a Roselha-grande (Cistus albidus), o Rosmaninho (Lavandula pedunculata), o Pilriteiro (Crataegus monogyna) ou a Gilbardeira (Ruscus aculeatus) são apenas alguns exemplos de espécies nativas que vão ser utilizadas. O projeto inclui uma equipa multidisciplinar com competências nas mais variadas áreas técnico-científicas, e conta com a cooperação da empresa Sigmetum, produtora de espécies nativas, e dos vários Municípios envolvidos.
As plantas autóctones são mais resistentes ao calor e aos longos períodos de seca implicando a utilização de menos recursos, devido à menor necessidade de irrigação. Além disso, a iniciativa possibilitará a conservação de espécies e habitats protegidos, através de um aumento da biodiversidade nativa, que permitirá não só reduzir o consumo de água e utilização de fitofármacos como potenciará a sustentabilidade e resiliência destes espaços face às alterações climáticas iminentes.
Precisamente, numa vertente mais ligada à área da biologia, a investigadora do MED da UÉ, Catarina Meireles esclarece que “os problemas ambientais decorrentes da utilização de espécies vegetais exóticas tanto em meios urbanos, como em meios rurais, são vários. A maioria das espécies utilizadas é muito exigente em água e o seu cultivo implica a utilização de grandes quantidades de fertilizantes, herbicidas e inseticidas”, destaca a investigadora referindo que “o elevado consumo de água associado à manutenção destas espécies, tem um grande impacto, sobretudo na região mediterrânica, onde a escassez de água é um problema cada vez mais grave”.
Irão ainda ser promovidas ações de sensibilização junto dos cidadãos e dos técnicos com o propósito de alertar para a necessidade de formar as Organizações Não Governamentais de Ambiente, as Comunidades Intermunicipais e as Associações de Municípios, que de outro modo, não teriam capacidade nem suporte financeiro para executar este tipo de atividades impulsionadoras do debate em torno desta problemática.
A iniciativa está inserida no Programa de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, e conta com um financiamento de 37,903,02€, proveniente do Fundo Ambiental.