António Sá da Costa (Energia-Renováveis): PNEC 2030, o futuro sustentável ao nosso alcance

António Sá da Costa (Energia-Renováveis): PNEC 2030, o futuro sustentável ao nosso alcance

Foram publicados pela Wind Europe (WE), a associação europeia que agrega todos os setores ligados à eletricidade eólica, no passado mês de fevereiro os dados europeus deste setor e que são impressionantes.

A produção de eletricidade eólica na Europa atingiu 14% do total da eletricidade produzida no nosso continente, uma subida significativa dos 12% verificados em 2017.

Em 2018 na Europa foram instalados 11.3 GW de nova potência eólica totalizando 189 GW, e segundo a WE este número vai continuar a crescer os próximos anos.

Na ordenação da produção eólica de 2018, e relembro que não existe nenhuma competição nesta área, o país com maior percentagem de eletricidade eólica é a Dinamarca com 41%, lugar que ocupa destacado há mais de uma dezena de anos, seguido da Irlanda com 28% e de Portugal com 24%. A Alemanha atingiu uns impressionantes 21% e os nossos vizinhos espanhóis estão estabilizados em 19%.

Também tenho de referir que, de acordo com os dados da REN, atingiu-se a 1 de fevereiro passado a potência instantânea (1 hora) máxima jamais registada em Portugal 102.5 GWh, mas mais importante é que a eólica já este ano por várias vezes a eletricidade eólica representou mais de 60% do consumo diário. Estes dados demonstram que a dita “intermitência”, para mim não é nenhuma intermitência, mas antes uma variabilidade previsível, não põe nenhum problema à gestão do Sistema Elétrico Nacional, pois tanto os operadores das centrais eólicas como, e principalmente, os técnicos da exploração da REN sabem lidar com esta variabilidade.

Devo ainda referir um facto importante para o setor renovável na Europa e que se prende com a necessidade da EU cumprir a meta global de 32% de renováveis no uso de energia em 2030.

Ora este valor para a UE resulta das contribuições individuais de cada um dos seus EMs, sendo que existia algumas dúvidas se as propostas que cada EM quando agregadas no todo atingiriam a meta global de 32% acordada. Ora os EMs tinham de apresentar as suas propostas até final de 2018. Nem todos o fizeram. Portugal cumpriu e apresentou o valor de 47%, e para o caso da eletricidade as renováveis deverão representar 80% do consumo.

No final de fevereiro passado fui agradavelmente surpreendido com a declaração do primeiro ministro espanhol com os objetivos dos nossos vizinhos sendo a contribuição das renováveis de 42% para o total da energia e 74% para o setor elétrico. Com estes valores o total previsto para a UE resultante das componentes individuais de cada EM supera os 32% previstos na Diretiva das Renováveis.

Isto deve deixar satisfeitos todos os europeus. Eu fiquei e tudo farei para que nós em Portugal cumpramos a nossa parte, mas não posso deixar de referir que isto apenas são as metas, metas essas que são para ser cumpridas, mas estas metas só serão cumpridas se forem definidas políticas e medidas que permitam que se criem as condições para se fazerem os investimentos necessários para cumprir as metas.

Temos, portanto, de por mãos à obra pois: Portugal precisa da nossa energia.

 

António Sá da Costa é presidente da APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis e Vice-Presidente da EREF – European Renewable Energy Federation e da ESHA – European Small Hydro Association. Licenciou-se como Engenheiro Civil pelo IST- UTL (Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa) (1972) e tem PhD e Master of Science pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology (USA) em Recursos Hídricos (1979). Foi docente do IST no Departamento de Hidráulica e Recursos Hídricos de 1970 a 1998, tendo sido Professor Associado durante 14 anos; tem ainda leccionado disciplinas no âmbito de cursos de mestrado na área das energias renováveis, nomeadamente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre; Exerceu a profissão de engenheiro consultor durante mais de 30 anos, sendo de destacar a realização de centenas de estudos e projectos na área das pequenas centrais hidroeléctricas; Foi fundador do Grupo Enersis de que foi administrador de 1988 a 2008, onde foi responsável pelo desenvolvimento de projectos no sector eólico e das ondas e foi Vice-Presidente da APE – Associação Portuguesa da Energia de 2003 a 2011.

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