
Introdução de marcas brancas de gás de botija em hipermercados teve pouco impacto nos preços em França
Um estudo da recém nomeada Entidade Nacional do Mercado de Combustíveis entregue na Assembleia da República defende a comercialização de marcas brancas de gás de botija em grandes superfícies, à semelhança do que acontece em França. A hipótese está a ser estudada pelo executivo e poderá avançar já no início do próximo ano. Porém, segundo a análise feita pelo Portal Ambiente Online à evolução dos preços do gás de botija em França, a introdução desta medida em 2005 teve um impacto muito reduzido na oscilação média dos preços de garrafas da gás butano para os particulares, que - após uma quebra ligeira – voltaram paulatinamente a subir nos anos seguintes. Segundo dados do Ministério do Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Energia francês, após 2005, e com a concorrência das marcas brancas vendidas em hipermercados de grandes cadeias como o Carrefour e o grupo Auchan, o preço médio por quilo de uma garrafa de gás butano de 13 quilogramas caiu mais de seis cêntimos, dos 2,13 euros em 2005 para os 2,06 euros em 2006. Foi, aliás, a maior quebra de preços da última década. Acontece que, no ano seguinte os preços já tinham recuperado dois cêntimos e, em 2008, ultrapassaram os valores anteriores à entrada no mercado das botijas de marca branca, ascendendo o preço médio por quilo de gás de botija para particulares aos 2,20 euros.
Isto não quer dizer, naturalmente, que os preços praticados nas grandes superfícies não sejam mais baixos, porque são. Significa que a introdução desta medida não teve a capacidade de ter um impacto na estabilização do preço do gás de botija como se pretendia. A Autoridade da Concorrência francesa alerta ainda os consumidores para darem atenção ao preço de recarga das garrafas de gás, que – em alguns casos – tornam os preços das marcas brancas menos convidativos a longo prazo.
Gás de botija 50% mais caro que o gás natural
Na "Análise do mercado de propano e butano engarrafado e sua aproximação aos preços do gás natural", levada a cabo Entidade Nacional do Mercado de Combustíveis, é apontado ainda que o consumo de gás de botijas caiu 24% desde 2008 e que apresenta um preço mínimo superior em 50% ao valor do gás natural, o seu principal concorrente. Os dados "não são conducentes à determinação de um padrão de preços", mas foi encontrada uma grande variação "sem uma razão aparente, mas dentro de um intervalo limitado, com um preço mínimo quase balizado". Os preços do gás em garrafa são mais elevados no zona sul, nomeadamente no Alentejo, e mais baixos nas zonas de fronteira, enquanto nas regiões de Lisboa e Porto se verifica uma "grande amplitude" dos montantes pagos.
Governo vai introduzir preços de referência
Apesar de a formulação de preços no mercado do gás ser livre e assim continuar, o Governo prevê estabelecer preços de referência. O anúncio já tinha sido feito por Jorge Moreira da Silva em Janeiro e foi, novamente, reforçado a semana passada. O objectivo é o de que o Estado e todos os operadores possam comparar os preços que são praticados ao consumidor com esses preços de referência.
Na altura, o governante assumiu o compromisso de apresentar até ao final de Março um estudo comparativo entre o gás de botija e o gás natural. Se este estudo comprovasse uma discrepância de preços, à semelhança do que já foi enunciado pela Autoridade da Concorrência nacional, o governo avançaria para a definição de preços de referência, que habilitassem o consumir para a comparação dos preços praticados.