
DGEG alerta para dificuldades no hidrogénio e biometano em Portugal
Paulo Carmona, Diretor-Geral da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), considera que Portugal “ainda não começou a sério no hidrogénio” e “não há nada na produção de hidrogénio verde que nos faça sentir confortáveis”. As declarações de Paulo Carmona foram feitas, esta manhã, na conferência final do projeto ‘Indústria de Futuro - Roteiro para a Introdução dos Gases Renováveis no Setor Industrial Nacional’, que se realizou no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e que o Água&Ambiente Online acompanhou.
O responsável considerou que existem projetos-piloto “que dão esperança, mas também frustração. Queríamos mais”, disse, adiantando que “faltam projetos grandes, estruturantes, que consigam ligação com o sistema elétrico, já que são eletrointensivos”.
Depois, lembrou, “há a questão da água e dos recursos hídricos e a capacidade que a indústria do hidrogénio tem em ir buscar água e, obviamente, as questões ambientais associadas”.
Já o biometano, que "é uma importante fonte de descarbonização e transição energética resolve também uma questão ambiental gravíssima que temos em Portugal”, afirmou Paulo Carmona. “O Plano Nacional do Biometano já tem um ano e, para nosso desespero, ainda não há um projeto a avançar. Fala-se muito, mas há muita conversa e pouco investimento nesta área. É necessário avançarmos muito mais na produção de biometano para a descarbonização e para resolver o problema de poluição, que é gravíssimo”, lamentou.
“O biometano nasceu na Europa, não por questões de transição energética, mas para solucionar um problema da enorme produção pecuária que ainda hoje existe na Dinamarca e na Holanda, países planos e com dificuldade de escoamento dos seus resíduos pecuários. E o biometano veio tentar resolver esta situação”, lembrou.
Com Portugal e a Europa a entrarem nos processos de descarbonização, temos “no nosso país problemas gravíssimos na pecuária (com suiniculturas a céu aberto), sendo que o biometano é essencial neste processo”.
O Diretor-Geral da DGEG considera que “não há investimento do biometano que faça produção a sério, e é necessário avançarmos rumo à descarbonização. Digam-nos o que falta para termos mais projetos de biometano em Portugal. Espanha tem quatro a funcionar, sete em construção, e nós não temos nada para mostrar. Digam-nos o que podemos fazer para o biometano ser uma realidade em Portugal. É um problema de regulação? Da DGEG? O que é que falta?”, questionou, lançando o repto à plateia da indústria para dialogar com a entidade que lidera no sentido de arrepiar caminho.