Diretor-geral de Energia e Geologia preocupado com segurança do abastecimento energético nacional

Durante um debate promovido pela Ordem dos Engenheiros e a APE – Associação Portuguesa de Energia, o diretor-geral de Energia e Geologia, João Bernardo, afirmou estar preocupado com a segurança de abastecimento no plano energético, noticiou o Expresso.

João Bernardo alertou que "no imediato, nos próximos dois ou três anos, vamos estar um bocadinho em cima das cinzas", face aos riscos enfrentados pelo sistema elétrico português, tendo em conta os períodos de seca, e consequente menor disponibilidade hídrica, e ausência de produção a carvão. "Vamos ter de passar a usar mais as centrais de ciclo combinado", admitiu, notando que isso obrigará "a uma gestão muito mais dinâmica da rede", citou o Expresso.

"Estamos em cima de um problema de segurança de abastecimento grave, não é hipotético, é grave. Podemos ter rupturas de abastecimento a muito curto prazo", declarou João Bernardo.

Assim, o diretor-geral de Energia e Geologia defendeu, segundo o Expresso, a agilização dos procedimentos de licenciamento da nova capacidade de produção de eletricidade.

De acordo com o responsável da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) nos próximos dois ou três anos, Portugal vai depender muito da capacidade e resposta de Espanha e “da capacidade de as centrais de ciclo combinado contribuírem, em conjunto com outros centros produtores".

Quanto à hipótese de voltar à produção a carvão, como outros países estão a fazer para reduzir o recurso às centrais alimentadas a gás, João Bernardo afirmou: "Julgo que não há interesse político neste momento em reativar a central do Pego, que seria a única que podia ser mobilizada neste momento. Ela é passível de ser mobilizada numa situação de crise. Nós já estudámos esse cenário, e em mês e meio conseguimos pôr a central a funcionar (…) Mas não queremos utilizar isso".

A conferência “Desafios da Transição Energética” teve lugar no passado dia 29 de junho.