Governo diz que intenções de investimento em energias renováveis ascendem a 60 mil milhões de euros

Governo diz que intenções de investimento em energias renováveis ascendem a 60 mil milhões de euros

O Ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, revelou esta quarta-feira que as intenções de investimento em energias renováveis em Portugal ascendem a 60 mil milhões de euros, o que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

 “Se nós hoje pudéssemos concretizar todos os projetos, todas as intenções de investimento no nosso país, na área das energias, seja eletricidade, seja gás, estaríamos a falar de investimentos na casa dos 60 mil milhões de euros, 25% do nosso PIB”, disse Duarte Cordeiro na inauguração da central fotovoltaica do Pessegueiro, no Pinhal Novo, concelho de Palmela e distrito de Setúbal.

 “É nosso objetivo maximizar todos estes projetos. Vamos querer concretizar os projetos ao máximo. Sabemos que temos desafios pela frente, temos desafios na compatibilização de todos estes investimentos com o território. Por isso é tão importante estarmos aqui a dar o exemplo de Palmela, porque o desenvolvimento da energia renovável pode também ser uma grande oportunidade para o território”, acrescentou o ministro.

 Na cerimónia de inauguração da central fotovoltaica do Pessegueiro, o ministro do Ambiente lembrou também que a transição energética com uma aposta nas energias renováveis já era uma prioridade para o Governo, mas que essa estratégia foi acelerada devido às consequências da guerra na Ucrânia.

“A guerra veio acelerar todos estes objetivos. A guerra obrigou o Governo, por um lado, a preocupar-se com a contenção dos preços da energia junto das famílias e das empresas, mas também veio acelerar todos estes objetivos estratégicos que já tínhamos definidos”, frisou o governante.

 “Nós temos um objetivo ambicioso que é chegar ao final deste mandato com 80% da nossa eletricidade produzida por fontes renováveis. Nós olhamos para os primeiros meses do ano e já temos mais de 70% da nossa eletricidade produzida de fontes renováveis. Claro está que dependemos da energia eólica e da energia hídrica, porque se nós tivermos um ano de seca, se tivermos menos vento, obviamente diminui essa percentagem”, acrescentou.

 Duarte Cordeiro referiu ainda que Portugal tem atualmente 17 gigawatts de energias renováveis de capacidade instalada, e que, desde o início do ano passado (2022), já licenciou mais quatro gigawatts de energia solar.

O presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro (CDU), salientou a importância da transição energética no concelho, adiantando que “os projetos já instalados e os que já estão licenciados ou em análise, representam 1,13 gigawatts/hora de potência e uma produção anual de 2,07 terawatts/hora, ou seja, mais 78% do que era a produção estimada em 2021, que continua a crescer”.

“A produção de energia elétrica nestas centrais fotovoltaicas permitirá evitar anualmente a emissão de mais de 974.000 toneladas de CO2. Aprofunda-se assim o papel de Palmela enquanto sumidouro de carbono, já que o concelho produziu emissões na ordem das 343.000 toneladas – dados de 2020”, disse Álvaro Amaro.

A nova central de larga escala do Pessegueiro, entregue pela Smartenergy à empresa EKZ, e que será gerida e monitorizada pela Smartenergy Asset Management, irá produzir cerca de 126.500 Megawatts/hora de energia elétrica renovável por ano, suficiente para assegurar o abastecimento energético anual de uma cidade com 26 mil habitações, e é uma das maiores instalações solares já construídas em Portugal.

 

Portugal tem interesse nas alternativas de combustíveis neutrais

O ministro do Ambiente defendeu também esta quarta-feira que Portugal tem interesse na procura de alternativas de combustíveis neutrais, desde que isso assegure o objetivo do fim dos fósseis, e insistiu que Portugal tem de “salvaguardar a capacidade industrial”.

“Para nós, a ideia da exclusividade do fóssil é que tem de ser limitada. Quando se apresentam soluções que sejam neutrais do ponto de vista carbónico, não devemos escolher tecnologias, devemos sim estimular todas as possíveis tecnologias que apareçam e sejam competitivas […], não devemos estar fechados a essa possibilidade”, sustentou Duarte Cordeiro, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião de ministros da União Europeia (EU) com a pasta da energia, em Bruxelas (Bélgica).

Berlim, por exemplo, mostrou-se favorável a essa “compatibilidade com combustíveis sintéticos que sejam neutrais”, acrescentou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, e para Portugal, “todas as soluções são viáveis” desde que se consiga “atingir o objetivo que está estabelecido”.

Agora é preciso encontrar essas alternativas: “Há um trabalho que tem de ser feito pelo setor no sentido de procurar soluções. Portugal também porque produz automóveis […], não nos é indiferente que exista a capacidade de fazer uma transição para conseguir salvaguardar a capacidade industrial existente no nosso país.”

Na ótica de Duarte Cordeiro, o que foi aprovado hoje entre os 27 Estados-membros da EU vai no sentido de “compatibilizar os objetivos ambientais com a capacidade industrial” de cada país.

O documento aprovado hoje pelos ministros, que faz parte do pacote 'Fit for 55', aborda o tema dos combustíveis ecológicos, prevendo que a Comissão Europeia apresente uma “proposta de registo de veículos que funcionem exclusivamente com combustíveis neutros em termos de CO2, após 2035, em conformidade com a legislação da UE, fora do âmbito das normas da frota, e em conformidade com o objetivo de neutralidade climática da UE”.

O pacote Objetivo 55 é um conjunto de propostas destinadas a rever e atualizar a legislação da UE e a criar iniciativas com o objetivo de assegurar que as políticas da UE estejam em consonância com os objetivos climáticos acordados pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu.

Duarte Cordeiro recordou que hoje a Comissão Europeia também aprovou a extensão, até ao final do ano, do mecanismo ibérico que possibilita a definição de um teto máximo para o preço do gás que é utilizado para a produção de eletricidade.

E à semelhança do que tinha dito durante a manhã, este mecanismo, que acabava no dia 31 de maio, vai fazer com que em vez de o preço do gás aumentar cinco euros por mês, apenas vai aumentar um euro por mês até ao final de 2023.

“Neste momento, podemos olhar para o mercado do gás e perceber que os preços, em média, estão abaixo daquilo que é mecanismo ibérico. Portanto, na prática, o mecanismo não tem tido necessidade de intervenção […] e isso é uma notícia positiva. No entanto, não sabemos se esta realidade se vai manter ao longo do ano”, completou o ministro socialista, apontando a altura de aprovisionamento de gás pelos Estados-membros da UE, entre setembro e novembro, como um período “de teste”.

Sobre a proposta da Comissão Europeia de compra conjunta de gás pelos Estados-membros, Duarte Cordeiro reconheceu que “está muito atrasada”.

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