Jornadas de Engenharia do Grupo AdP: a necessidade transversal do recurso água
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Jornadas de Engenharia do Grupo AdP: a necessidade transversal do recurso água

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O Grupo Águas de Portugal (Grupo AdP) juntou, no pavilhão de exposições do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, nas suas jornadas de engenharia, atores que estão 'Unidos pela Água', mote do evento.

Turismo, mar, saúde, segurança, agricultura e indústria foram os assuntos abordados recorrendo ao que é transversal em todos eles: a água! Em intervenção remota, via vídeo, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, abriu a sessão, abordando algumas questões prioritárias em relação à água em Portugal: referiu-se à necessidade do reforço da resiliência, à dessalinizadora em construção no Algarve, ao aproveitamento das águas no Pomarão, à barragem de Fagilde e sua aptidão para abastecimento de água de consumo humano, e à necessidade de levar água do Alqueva ao Complexo Industrial de Sines, dando ênfase ao "acordo histórico com Espanha", que classificou como um dos melhores exemplos a nível mundial em relação a acordos desta natureza.

Certificado obrigatório de sustentabilidade no turismo, defende Sandra Pires

"A água é fundamental no turismo!". Foi com esta afirmação que Sandra Pires, do Turismo de Portugal, começou a sua intervenção no painel dedicado ao turismo e ao mar. A responsável anunciou que as estratégias para o turismo e para a sua sustentabilidade estão a ser renovadas, "para garantir um destino mais próspero e mais resiliente" perante a busca "avassaladora" de Portugal como destino turístico, e congratulou-se com a adesão da "grande maioria dos turistas às principais medidas de sustentabilidade". Sandra Pires defendeu que "o certificado de sustentabilidade ambiental no turismo deveria ser obrigatório", reforçando ainda a ideia da importância que "o armazenamento de água" tem para o turismo, em especial na região do Algarve.

O mar é afetado por tudo o que se faz em terra, lembra Rúben Eiras

Para Rúben Eiras, do Fórum Oceano, participante no mesmo painel, "a economia azul não é só a economia do mar" porque "tudo o que fizermos em terra tem impacto nos oceanos". Deu o exemplo da necessidade urgente de "descarbonizar o transporte marítimo", tanto o de mercadorias como o de passageiros.

Chove 30% menos no Algarve do que chovia há dez anos, avisa Pedro Lopes

"Temos de aprender a poupar água": Pedro Lopes, do Grupo Pestana, alertou para o facto de atualmente chover 30% menos no Algarve do que chovia há dez anos. Realçou que essa diminuição de chuva foi atenuada com a redução de horas de rega nas áreas ajardinadas dos campos de golfe que gere, pela mudança de torneiras e canalizações antigas e, em especial, "pelo recurso às águas residuais tratadas".

A água é a primeira prioridade para a saúde, afirma Graça Freitas

Saúde e segurança também são temas transversais à água, e Graça Freitas, antiga diretora-geral da Saúde, destacou que "a água é a primeira prioridade para a saúde, imediatamente antes das vacinas". Apelidou de "milagre português" o melhoramento da segurança e da qualidade da água nos últimos 30 anos, assim como o saneamento, realçando "o facto de os portugueses terem agora uma grande confiança em relação à água que consomem".

O armazenamento de água é a principal prioridade, elegeu Jorge Vazquez

"Nem tudo são alterações climáticas", começou por dizer Jorge Vazquez, da EDIA, aludindo que, em face da situação mediterrânica de Portugal, "também há muito de geografia nos fenómenos climáticos". Enalteceu o empreendimento de Alqueva e tudo o que ele tem proporcionado aos utilizadores da água da "maior albufeira artificial da Europa", e elegeu o armazenamento de água como "a principal prioridade para a qual os engenheiros têm de encontrar soluções para resolver as crises de escassez de água".

Transição salina uma ameaça no Tejo e no Sado, revela Tiago Oliveira

Dizendo que "sem floresta não há água", Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), acusou os políticos de "falta de governança nas últimas décadas por terem deixado de dar atenção às questões florestais". Referiu os incêndios e as consequências que eles têm na saúde e na vida das pessoas, porque eles "destroem não só as florestas como afetam a infiltração da água nos solos". Falou ainda de uma questão raramente abordada e que "não faz parte das prioridades da política", que é a intrusão salina em alguns dos rios portugueses, e isto tendo em atenção a subida do nível das águas devido às alterações climáticas. Os casos mais graves, e "com tendência para piorar, são os do Tejo e do Sado", destacou.

A tecnologia é fundamental na poupança de água, diz Leonor Freitas

Para Leonor Freitas, presidente do Conselho de Administração da Casa Ermelinda Freitas, "a água condiciona todas as atividades económicas", sendo que o foco principal da empresa que dirige é a produção de vinhos. Referiu que "cada vez mais a tecnologia é fundamental na produção de alimentos e na poupança de água". Estas declarações foram feitas no último painel das Jornadas do Grupo AdP, que teve como tema 'Água, Agricultura e Indústria'.

A comunicação é essencial para melhor gerir a água, alerta Jaime Braga

No mesmo painel, Jaime Braga, secretário-geral da Associação Portuguesa de produtores de Bioenergia (APPB), começou por dizer que "o setor da água é uma riqueza para Portugal", mas não está a ser bem gerido porque "não há comunicação entre as várias entidades que gerem o setor, por isso é preciso que os vários departamentos da função pública falem uns com os outros e que se entendam". Explicou ainda que "tudo o que é biológico tem limites, não é infinito" e afirmou que "os resíduos são um recurso e não um desperdício". Alertou também que "o tempo das energias renováveis baratas esgotou", e que "o metano está à mão, mas o hidrogénio não tanto".

Fertilizantes com normas pouco claras geram desconfiança, adverte Gomes da Silva

Francisco Gomes da Silva, diretor-geral da AGROGES, felicitou o Grupo AdP pelas "400 mil toneladas anuais de fertilizantes produzidas”, mas advertiu "que a pouca clareza das normas gera desconfiança por parte dos utilizadores". Finalmente, e como uma espécie de conclusão, Jaime Braga, com a acutilância que lhe é habitual, rematou que "até os humanos das cavernas podiam viver sem tecnologia, mas não podiam viver sem água!".

No encerramento das jornadas de engenharia do Grupo Águas de Portugal foi assinado um protocolo de colaboração entre a empresa e o Instituto Superior de Agronomia, assinado pelos presidentes de ambas as entidades,  António Carmona Rodrigues e António Guerreiro de Brito, respectivamente.

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