Zonas de abastecimento de água diminuem 12% em 2023
A redução de 12% no número de zonas de abastecimento nos últimos dez anos foi um dos temas que a ERSAR - Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos destacou a propósito do Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos (RASARP) 2024 - Volume II, apresentado esta quinta-feira. Esta tendência de diminuição, que a ERSAR considera positiva, especialmente nas zonas de menor dimensão, permite uma melhor gestão dos recursos hídricos e uma uniformização dos parâmetros de controlo de qualidade.
A consolidação das zonas de abastecimento menores, historicamente mais sujeitas a incumprimentos, reflete-se nos resultados de 2023, com um indicador de água segura de 98% nestas áreas, destacou a ERSAR.
A reestruturação contribuiu também para facilitar a aplicação das novas exigências, como a Avaliação de Risco (AvR), introduzida em 2023.
Esta avaliação analisa o risco em cada zona geográfica e ajusta o controlo da água aos parâmetros de maior risco, garantindo uma monitorização mais rigorosa e um foco nos problemas específicos de cada localidade.
Qualidade de água segura com ligeiro decréscimo em 2023
A Avaliação de Risco, obrigatória desde 2023, não trouxe alterações significativas à análise que a ERSAR faz sobre a qualidade da água.
Apesar de a qualidade da água segura, em 2023, ter registado uma ligeira queda, passando de 98,88% em 2022 para 98,77%, a água fornecida em Portugal continua com elevados níveis de segurança, assegura a ERSAR.
Esta ligeira redução deve-se à maior exigência na monitorização e controlo, impulsionada pela AvR, de acordo com a ERSAR, que refere ainda que a introdução deste parâmetro deverá refletir-se num decréscimo dos valores relativos à qualidade da água nos próximos anos.
Acesso ao serviço de água segura: um desafio pendente
Outro aspeto destacado pela ERSAR na apresentação do seu relatório foi a constatação de que, embora 97% da população tenha acesso à rede pública de água, apenas 89% utiliza o serviço de abastecimento.
Muitas pessoas optam por fontes próprias, como poços, especialmente em zonas rurais, levantando preocupações com a segurança e a qualidade da água consumida.
Este cenário, segundo a presidente da ERSAR, sublinha a importância de sensibilizar a população para os riscos associados ao consumo de água fora do sistema público, que segue normas rigorosas de controlo sanitário.
“As pessoas têm rede à porta, mas optam por não aderir, consumindo água de poços ou captações próprias, o que levanta preocupações de saúde e segurança”, afirmou a presidente da ERSAR.
Esse cenário é particularmente preocupante em zonas rurais, onde a utilização de água de fontes próprias pode não seguir os mesmos padrões de controlo sanitário do sistema público. Segundo o relatório, 11% da população ainda não está ligada à rede pública, o que pode ter implicações tanto para a qualidade da água consumida quanto para a partilha equitativa dos custos de manutenção do sistema.