75% dos equipamentos elétricos usados desviados para o mercado paralelo

75% dos equipamentos elétricos usados desviados para o mercado paralelo

Segundo o Electrão, 75% dos equipamentos elétricos usados são desviados para o mercado paralelo sem chegar às unidades de tratamento para descontaminação e reciclagem.

A conclusão da entidade gestora de resíduos resulta do projeto “Weee-Follow”, que arrancou em 2020, no âmbito do qual foram instalados 104 GPS  em electrodomésticos usados colocados na via pública para recolha pelos serviços municipalizados com o objetivo de fazer a sua monitorização em tempo real. Os equipamentos foram distribuídos por 33 concelhos de 10 distritos.

Destes, apenas cerca de 25% dos aparelhos integraram o circuito formal e foram encaminhados para unidades licenciadas para a reciclagem. A esmagadora maioria dos equipamentos usados foi detetada, via GPS, em locais onde não existem operadores de gestão de resíduos licenciados para descontaminar e reciclar estes equipamentos. “Há ainda situações de equipamentos encaminhados para operadores licenciados depois de terem seguido um percurso alternativo com passagem por casas particulares e outros locais que não estão associados à gestão de resíduos”, conta a Electrão.

Em causa estão os aparelhos mais procuradas pelo mercado paralelo, dado o valor dos seus componentes, como é o caso de frigoríficos, torres de computadores, máquinas de lavar e fogões. 


A lista dos equipamentos desviados e respectivos destinos foi comunicada à Inspecção-Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (IGAMAOT), a entidade responsável pelas acções de fiscalização, de forma a possibilitar a identificação dos agentes e circuitos do mercado paralelo.

Segundo o Electrão, a crise das matérias-primas no mercado internacional pode estar a agravar o fenómeno de desvio de materiais dos equipamentos elétricos usados.

“O problema do fornecimento de materiais, que começou a sentir-se durante o auge da pandemia, intensificou-se depois da invasão da Ucrânia por parte da Rússia, já que estes dois países são também grandes fornecedores de matérias-primas, incluindo metais. Alguns dos materiais que compõem os equipamentos elétricos, como o alumínio ou o cobre, são valiosos e estão a ser cada vez mais procurados nos circuitos informais. O problema é que estes equipamentos usados têm também componentes perigosos. Ao serem desviados das unidades de reciclagem, que garantem a sua descontaminação, estes equipamentos elétricos são transformados em sucata metálica, em processos que não acautelam a protecção da saúde humana e do ambiente”, justifica a entidade gestora.

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