
Água na Agricultura precisa de investimento de mais de 2 mil milhões de euros até 2030
A FENAREG - Federação Nacional dos Regantes de Portugal realizou um estudo ('Financiamento do Regadio em Portugal no Horizonte 2030') que revela que será necessário investir mais de 2 mil milhões de euros em Portugal até 2030 para modernizar o regadio e assegurar a resiliência hídrica e alimentar do país.
Em comunicado, a FENAREG refere que o montante é muito superior ao valor inscrito atualmente para o mesmo período na despesa pública total disponível (631 milhões de euros) e que corresponde apenas a 31% das necessidades identificadas com condições asseguradas de implementação até 2030.
"Este estudo parte da visão holística e abrangente da FENAREG sobre a necessidade de ser assegurada a resiliência hídrica nacional, através do aumento da capacidade de armazenamento e da criação de uma rede hídrica nacional dotada de sistemas eficientes e sustentáveis. Só desta forma será possível impulsionar a agricultura nacional para o patamar 4.0 e introduzir níveis mais elevados de sustentabilidade absolutamente essenciais para o futuro do país, para as suas regiões e para a sua população", acrescenta a FENAREG, em comunicado.
O estudo identifica também três grandes eixos estratégicos de desenvolvimento até 2030 (a Modernização das atuais infraestruturas públicas de rega - maioria das quais tem mais de 50 anos); a Expansão da área infraestruturada para rega; e o Aumento da capacidade de armazenamento de água e de regularização interanual), e avança com uma proposta de modelo de financiamento possível, assente numa abordagem multifundos, que permitiria assegurar 75% do valor total das verbas necessárias.
Para a FENAREG "é imperativo" que o regadio "seja tido em conta e devidamente equacionado" nas estratégias e políticas públicas que estão atualmente em preparação e das quais se destaca a nível nacional a 'Água Que Une', cujas conclusões estão a ser ultimadas. "O regadio é uma componente vital da estratégia nacional da água e dela depende vastamente o setor agrícola, responsável pela sustentabilidade e pela segurança alimentar do país", adianta.
No mesmo sentido, "concorrem os impactos económicos e a criação de emprego decorrentes de infraestruturas modernas como o Alqueva (que já gerou mais de 3.300 milhões de euros de riqueza - dados recentemente adiantados pelo Ministro da Agricultura e Pescas), ou/e o Perímetro de Rega do Mira que, segundo dados de um estudo recente da EY Portugal/Lusomorango, ultrapassou os 502 milhões de euros em 2023".
“O investimento na modernização e aumento da eficiência das infraestruturas de armazenamento e distribuição da água é determinante tanto para o desenvolvimento da economia do país - que além do mais se propõe atualmente reduzir o seu défice agro alimentar (5.500 milhões em 2023), como para o setor agrícola que tem um potencial para gerar 74 milhões em receita fiscal e 320 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto por ano, o que resulta numa valorização idêntica à da TAP em 10 anos (dados CAP - Confederação dos Agricultores de Portugal),” refere José Núncio, Presidente da FENAREG, citado em comunicado.