
Associação Portuguesa do Alumínio defende majoração que favoreça reciclagem dos materiais no apoio a edifícios sustentáveis
A Associação Portuguesa do Alumínio defendeu esta quarta-feira que o Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis deve contemplar uma “majoração justa” e a implementação de incentivos fiscais que “favoreçam a reciclagem dos materiais” e não apenas a “eficiência energética”.
“Custa-nos perceber que se coloque o foco só na parte da eficiência energética e que não junte também a sustentabilidade, pois trata-se de um material [o alumínio] que pode ser eficiente e sustentável”, disse à Lusa o presidente da APAL, Rui Abreu, que defende a majoração dos incentivos atribuídos a materiais “não derivados do petróleo”, “sustentáveis” e que sejam “um produto de economia circular”.
Concluída a 1.ª fase das candidaturas ao Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis 2023, lançado em agosto deste ano, a APAL “apela à ação” e advoga que na 2.ª fase das candidaturas ao programa se “majore positivamente” a eficiência energética mais a sustentabilidade dos materiais, no caso o alumínio, que é usado no setor da construção.
A associação realça ainda que, no caso concreto da caixilharia, o programa atual de apoio considera “apenas” a eficiência energética e “compromete” os princípios da descarbonização e a economia circular já que “negligencia” aspetos cruciais, nomeadamente a “composição dos produtos” subsidiados, a “pegada ecológica” associada a esses produtos e o seu “ciclo de vida”.
No caso do alumínio, Rui Abreu disse à Lusa que a sua reciclagem permite “a poupança de energia" e uma "enorme redução" de dióxido de carbono (CO2) libertado para a atmosfera.
O dirigente da APAL considera que em Portugal se pode “otimizar o mais possível” o ciclo de vida dos materiais, para que “não haja desperdícios” e que em relação ao alumínio se “consegue fazer” toda a reciclagem do material produzido, sem se perder as suas qualidades, além de ser possível ajustar a capacidade existente à procura.
De acordo com o recente plano Estratégico da Associação Europeia do Alumínio, European Aluminium´s 2050, caso fosse considerado o ciclo de vida do produto evitar-se-iam até 39 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano até 2050.
Questionado sobre a atual situação vivida pelo setor, que atravessa duas guerras, uma na Ucrânia e outra na Faixa de Gaza entre Israel e o grupo islamita Hamas, além da inflação, Rui Abreu, respondeu que o “custo do dinheiro” é apontado como sendo a maior preocupação.
“Há países em que a atividade económica dá sinais de um abrandamento significativo, nuns mais rapidamente do que noutros. Penso que em Portugal o abrandamento iniciou-se mais tarde (no verão), que no centro da Europa e na Alemanha, o motor europeu. As empresas do setor da construção estão a reduzir os seus turnos e isso é um sintoma de que a economia está a abrandar”, influenciando as empresas de alumínio.
As empresas associadas da APAL (53) empregam entre 3.600 a 4.000 pessoas, mas há que ter em conta todo o universo de centenas de trabalhadores em micro e pequenas e médias empresas que têm em Portugal um peso muito importante na área da construção, serralharias e dos pequenos armazéns e que estão dispersas pelo país.
O volume de negócios face ao peso no Produto Interno Bruto (PIB) tem vindo a aumentar rondando 1% do PIB, sendo que a faturação gerada atinge os 1.000 milhões de euros no conjunto das empresas associadas da APAL e de outras tantas empresas não associadas (50) que têm alguma dimensão.