Autarcas da região de Leiria criticam decisão de concessão da Barragem do Cabril para parque fotovoltaico flutuante

Autarcas da região de Leiria criticam decisão de concessão da Barragem do Cabril para parque fotovoltaico flutuante

A decisão da Autoridade Portuguesa do Ambiente (APA) de conceder à empresa privada Voltalia a exploração da Barragem do Cabril por 30 anos, para a implementação de um parque de 33 hectares de painéis fotovoltaicos flutuantes, foi alvo de críticas por parte dos autarcas da região de Leiria, que estão a considerar uma ação judicial para suspender a eficácia das decisões relativas a este projeto.

De acordo com um comunicado da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), os autarcas locais expressaram a sua insatisfação, apontando que a decisão foi tomada sem consulta prévia aos municípios diretamente afetados. É ainda argumentado que o Estado, através do Ministério do Ambiente e Energia (MAEn), está a priorizar interesses económicos e a aumentar a receita estatal, em detrimento do interesse público e ambiental, como alegado pela APA.

Os representantes municipais da região destacam que não há benefícios ambientais significativos na instalação dos painéis flutuantes. Pelo contrário, a comunidade científica é praticamente unânime em afirmar que estas plataformas causam danos graves à fauna e flora locais, além de comprometerem a qualidade e temperatura das águas da barragem. Há também um impacto visual negativo na paisagem natural, o que levanta preocupações legais sobre a decisão.

Segundo é referido na nota de imprensa, a barragem desempenha um papel crucial como ponto de abastecimento de água para os bombeiros durante a época de incêndios e a instalação dos painéis flutuantes pode restringir o acesso à água, comprometendo as operações de combate, uma preocupação importante numa região que enfrenta temperaturas elevadas e uma elevada incidência de fogos florestais. A decisão da APA foi considerada pelos autarcas como insensível às necessidades locais e negligente em termos de segurança e bem-estar das comunidades envolvidas.

Além disso, argumentam os autarcas da da região de Leiria, a barragem é um centro de atividades recreativas e económicas, incluindo pesca desportiva e atividades dos clubes náuticos, tendo sido recentemente certificada a Estação Náutica de Pedrógão Grande, cujo desenvolvimento pode ser prejudicado pela instalação do parque fotovoltaico. Dizem ainda que os painéis vão interferir com estas atividades, afetando negativamente pescadores e clubes que dependem da barragem para sustento e lazer, e que a decisão da APA ignora a importância socioeconómica das atividades na barragem, demonstrando uma visão limitada e preocupante cedência a interesses económicos.

Os municípios afetados e a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria planeiam sensibilizar o Governo e o Presidente da República sobre o problema, que foi abordado durante as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a 10 de junho em Pedrogão Grande. 

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