Colunista António Sá da Costa (Energia): Mais um record na eletricidade renovável de Portugal
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Colunista António Sá da Costa (Energia): Mais um record na eletricidade renovável de Portugal

No passado mês de maio a eletricidade renovável em Portugal foi notícia que correu Mundo pelo facto da sua produção renovável de eletricidade ter excedido o consumo durante 107 horas consecutivas, entre 7 e 11 de maio, quase 4.5 dias!

Este facto inédito no nosso País nas últimas décadas só foi possível devido à conjugação de vários fatores, que enuncio sem ordem de prioridade, mas que são todos essenciais e interdependentes: existência de centrais renováveis que puderam aproveitar a disponibilidade de recurso que se conjugou bem com a procura no consumo nesse período; capacidade técnica por parte dos operadores das redes, REN e EDP-Distribuição, de gerir, sem nenhuma perturbação para o consumidor, as centenas de centrais renováveis que durante esse período; e pela adequada capacidade de interligação existente e pelo parque hídrico flexível.

Esta capacidade e esta potencialidade não se esgotou nesses dias, pois até ao final de novembro passado registaram‑se 1129 horas em que a produção renovável de eletricidade superou o consumo, ou seja 14% do tempo, mais de mês e meio, ou se se quiser 14% do tempo. Claro sem esquecer que a produção de eletricidade renovável nos primeiros onze meses do ano correspondeu a 65% do consumo, quase 2/3! Claro que também sabemos que até esta altura a hidraulicidade do ano tem sido perto de 50% acima da média.

Também em novembro passado se alcançou mais um feito: no dia 21 das 2:30 às 4:15, durante quase 2 horas a produção eólica só por si superou o consumo. Caiu mais um mito dos detratores das renováveis, que dizem que mais de 25% de eletricidade eólica na rede causa black-outs. Ora ela atinge 100%! É tempo que os “velhos do Restelo” que não acreditam na eletricidade renovável tomem consciência disso.

Não, não há problemas. Os nossos técnicos, dos centros electroprodutores renováveis, quer dos operadores das redes sabem lidar bem com estas questões, aprenderam dialogando e preparando-se para o futuro que aí vem.

É destes pequenos nadas que de uma forma lenta, mas segura, que vamos caminhando para os 100% renováveis na eletricidade, com todos os benefícios que isso traz para os consumidores, para a nossa economia e para o meio ambiente, pois:

Portugal precisa da nossa energia.


António Sá da Costa é presidente da APREN – Associação Portuguesa de Energias Renováveis e Vice-Presidente da EREF – European Renewable Energy Federation e da ESHA – European Small Hydro Association. Licenciou-se como Engenheiro Civil pelo IST- UTL (Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa) (1972) e tem PhD e Master of Science pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology (USA) em Recursos Hídricos (1979). Foi docente do IST no Departamento de Hidráulica e Recursos Hídricos de 1970 a 1998, tendo sido Professor Associado durante 14 anos; tem ainda leccionado disciplinas no âmbito de cursos de mestrado na área das energias renováveis, nomeadamente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre; Exerceu a profissão de engenheiro consultor durante mais de 30 anos, sendo de destacar a realização de centenas de estudos e projectos na área das pequenas centrais hidroeléctricas; Foi fundador do Grupo Enersis de que foi administrador de 1988 a 2008, onde foi responsável pelo desenvolvimento de projectos no sector eólico e das ondas e foi Vice-Presidente da APE – Associação Portuguesa da Energia de 2003 a 2011.

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