Contentor radioactivo desembarcou no Porto de Lisboa (PRIMEIRA MÃO)
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Contentor radioactivo desembarcou no Porto de Lisboa (PRIMEIRA MÃO)

Um contentor com uma substância radioactiva (Césio-137), transportado num navio proveniente de Casablanca, Marrocos, foi detectado no Porto de Lisboa, soube o Ambiente Online. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmou oficialmente a ocorrência. Trata-se da mesma substância que, embora em escala imensamente maior, foi libertada pelo reactor de Fukushima, no Japão, em 2011, ou que deu origem ao acidente radiológico de Goiânia, no Brasil, na década de 80.

O contentor não continha qualquer tipo de mercadoria e vinha oficialmente declarado como vazio. Chegou ao Porto de Lisboa no dia 25 de Maio e quando saía do local, na manhã do dia 28, fez soar os alarmes do “Megaports”, o sistema que detecta substâncias radioactivas e que é operado pela Autoridade Tributária e Aduaneira.

“Na análise à causa do alarme efectuada no local verificou-se a existência de contaminação radioactiva no interior do contentor, tendo sido identificado o radionuclídeo antropogénico Cs-137”, explica ao Ambiente Online a APA. 

No dia seguinte, 29 de Maio, uma equipa de intervenção do Instituto Superior Técnico (IST) - a autoridade competente para a resposta a emergências ocorridas com o transporte de substâncias radioactivas - deslocou-se ao local onde se encontrava guardado o contentor e confirmou a existência da contaminação no interior. “Foi identificada uma zona contaminada no interior em que a taxa de dose de radiação atingia o valor de 521 microSv/h”, esclarece ainda a APA.

Apesar do índice de radioactividade que foi detectado no fundo do contentor a APA garante que não existe “risco de exposição ou contaminação do ambiente, da população ou dos trabalhadores”. No exterior do contentor não foi identificada qualquer contaminação.

Os resíduos foram recolhidos pelo Instituto Superior Técnico e foram  encaminhados para o Pavilhão de Resíduos Radioactivos do IST, adiantou ao Ambiente Online o Director Adjunto do Laboratório de Protecção e Segurança Radiológica do Instituto Superior Técnico, João Alves. Este é o procedimento a tomar já que este tipo de material não pode ser destruído e deve ser armazenado.

A origem antropogénica da radioactividade encontrada significa que é proveniente de actividade humana, ou seja, não se trata de um elemento natural, como é o caso do radão, um gás natural radioactivo, que foi detectado em excesso em escolas de Bragança. 

No Porto de Lisboa o sistema de controlo de radioactividade, que permite o controlo das cargas que são movimentadas nos terminais é operado em articulação com as autoridades aduaneiras. “Sempre que ocorre a detecção de alguma situação  a carga é imediatamente isolada seguindo-se todos os procedimentos legais”, segundo a administração do Porto de Lisboa. No entanto nos últimos dois anos não foram detectadas quaisquer ocorrências semelhantes.

Em 2014, segundo dados oficiais do Porto de Lisboa, registou-se um movimento de 339.931 contentores entre cargas e descargas, menos 7,7 por cento que em 2013.

Os contentores que chegam ao Porto de Lisboa provêm maioritariamente de Espanha, Ucrânia, França, Estados Unidos da América e Brasil, segundo dados oficiais.

O tipo de material que mais é descarregado em contentores corresponde a leites e natas frescas (88 toneladas em 2014), peixes crustáceos e moluscos (58 toneladas), madeira (55 toneladas), produtos químicos (55 toneladas) e papel e cartão (54 toneladas).

Ana Santiago

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