
Diretivas sobre renováveis e eficiência energética são insuficientes e falham Acordo de Paris, alerta ZERO
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável mostrou preocupação que as medidas adotadas esta quarta-feira pelo Parlamento Europeu (PE), não são suficientemente ambiciosas e deixou um apelo aos líderes da União Europeia para que reforcem as disposições no trílogo, no qual o governo português deverá ter um papel ativo.
O comunicado da ZERO surge na sequência da votação pelo Parlamento Europeu de duas diretivas-chave para o pacote Objetivo 55 da União Europeia - as diretivas de Eficiência Energética (EED) e Energia Renovável (RED). Os resultados alcançados, diz a ZERO, “são um primeiro passo, mas sem sombra de dúvidas insuficientes para fazer face à crise climática, energética e alimentar que estão na ordem do dia. No caso da eficiência energética, notou-se um maior alinhamento de posições e algumas vitórias, mas as metas ainda estão aquém para cumprir o objetivo do Acordo de Paris. O Parlamento Europeu dá o primeiro passo para limitar a Energia produzida a partir de Biomassa Florestal, mas marca passo na utilização de biocombustíveis a partir de culturas alimentares ao abrigo da Diretiva das Energias Renováveis”, analisa.
O Parlamento Europeu (PE) votou a favor de subir para 45% o consumo final bruto de energias renováveis na União Europeia em 2030, face aos atuais objetivos de 32% e em linha com a Comissão Europeia. Os valores aprovados esta quarta-feira pelos deputados estão acima dos 40% propostos pelos países da União Europeia (UE).
Igualmente como parte do pacote para reduzir as emissões de CO2 em 55% até 2030, os deputados do Parlamento Europeu também defenderam (469 votos a favor, 93 contra e 82 abstenções) uma atualização da Diretiva de Eficiência Energética até 2030 para reduzir o consumo final de energia da UE em 40% até 2030 e o consumo primário em 41,5%, em comparação com os níveis de 2007.
“No caso da eficiência energética, notou-se um maior alinhamento de posições e algumas vitórias, mas as metas ainda estão aquém para cumprir o objetivo do Acordo de Paris”, diz a associação ambientalista.
E acrescenta: “O Parlamento Europeu dá o primeiro passo para limitar a Energia produzida a partir de Biomassa Florestal, mas marca passo na utilização de biocombustíveis a partir de culturas alimentares ao abrigo da Diretiva das Energias Renováveis”.
Em resumo, a ZERO manifesta-se preocupada com a falta de ambição das medidas adotadas.
A associação defende como fundamental aprimorar a economia de energia por parte dos consumidores e aumentar a energia renovável em toda a Europa.
Na análise do que foi votado em Estrasburgo a ZERO afirma ter sido dado um primeiro passo no sentido da eliminação gradual da biomassa florestal primária da Diretiva das Energias Renováveis, mas manifestou-se “profundamente desapontada por não terem seguido a ciência e não terem deixado de incentivar totalmente a queima de árvores para obter energia”.
No caso dos biocombustíveis a ZERO lamenta que o Parlamento tivesse rejeitado a oportunidade de alterar a Diretiva das Energias Renováveis e acabar com a utilização de culturas alimentares para produzir biocombustíveis, mas regista como positivo que se tenha votado a favor do abandono gradual do uso dos óleos de soja e de palma.
Também esta quarta-feira em Estrasburgo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou a criação de um “novo banco europeu” para fomentar investimentos em projetos de hidrogénio na União Europeia (UE), orçado em três mil milhões de euros.
Tratou-se, segundo a ZERO, de um anúncio positivo” para tornar o hidrogénio competitivo.
Mas “é preciso assinalar que apenas o hidrogénio produzido a partir de fontes renováveis, o hidrogénio verde, nos permitirá alcançar as metas de descarbonização”.
E, acrescenta a ZERO, é necessário salvaguardar que os investimentos sejam direcionados para a produção verde de hidrogénio, e que devem privilegiar-se projetos para os setores difíceis de eletrificar.