“Estamos a dar os primeiros passos na questão da Eficiência Energética”
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“Estamos a dar os primeiros passos na questão da Eficiência Energética”

 

‘Eficiência Energética nos Edifícios’ foi o tema da Conversa Online de hoje, que contou com a presença de João Joanaz de Melo, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e Nuno Simões, professor da Universidade de Coimbra. O debate foi moderado por Paulo Ferrão, professor do Instituto Superior Técnico (IST).

Paulo Ferrão começou por fazer referência ao ´Manifesto’ sobre a energia nos edifícios, documento elaborado pelo próprio Paulo Ferrão, por Carlos Santos Silva, João Joanaz de Melo e Nuno Simões, e publicado na edição de Março-Abril do Jornal Água&Ambiente. O professor do IST recordou o tema do ‘Manifesto’: “Rumo à neutralidade climática nos edifícios – uma oportunidade e uma responsabilidade para a reabilitação nas próximas décadas”. Referiu que “é necessário repensar a política pública de renovação do edificado”, acrescentando que “o parque edificado em Portugal, seja habitação, comércio ou serviços, quer uma intervenção coerente nas próximas décadas, porque 75% das famílias vivem em habitações que não cumprem os requisitos modernos de comportamento térmico dos edifícios e 25% dos edifícios apresentam patologias significativas”. Realçou que “os edifícios representam mais de 30% do consumo final de energia”.

Paulo Ferrão mencionou que se estima que “é possível com ganhos de conforto reduzir os consumos de energia do edificado na ordem dos 50%, sendo esta uma grande oportunidade, não só em termos energéticos, mas também em termos de saúde e de desenvolvimento económico”.

Nuno Simões referiu que “estamos ainda a dar os primeiros passos nas questões da Eficiência Energética”, e apesar “de se ter preparado um conjunto de profissionais”, frisou, “continua a fazer-se as coisas de uma forma muito precipitada”. Já para João Joanaz de Melo, a sua perspetiva tem a ver com os resultados: “a retórica de que a Eficiência Energética é uma coisa importante já tem 20 anos”, sublinhou, acrescentando que “os indicadores concretos são muito maus e há uma discrepância gigante entre as declarações de intenções e as ferramentas que são postas no terreno para supostamente dar cumprimento a essas intenções”. Para o especialista “há necessidade de haver uma política mais integrada”, referindo também que se deveria “dar seguimento ao certificado integrado”, destacando “a ideia do certificado ao nível do edifício”, e não só ao certificado energético de cada condómino.

Referindo-se à hierarquia de prioridades nos certificados energéticos, critica uma das duas medidas principais recomendadas nos próprios certificados. Se quanto à primeira medida – “mudar as janelas tradicionais para janelas eficientes” Joanaz de Melo não tem nada a apontar, a segunda medida “refere-se ao ar condicionado, o que do ponto de vista energético em Portugal não faz qualquer sentido, é um acréscimo de conforto, é verdade, mas é sobretudo um luxo com consumos energéticos gigantes”, vincou.

Nuno Simões explicou que “quem se candidata ao fundo ambiental tem primeiro de fazer a intervenção, depois fazer a prova que fez a referida intervenção, e só depois pode pedir o reembolso”, o qual “é atribuído por ordem de chegada”. O especialista sublinhou que “nestas condições só intervém quem tem possibilidades financeiras para o fazer, além de que a incerteza de ter ou não o projeto aprovado é grande”. Nuno Simões rematou que “há muitas famílias que não querem correr esses riscos”.

Sobre as empresas, Paulo Ferrão referiu que “devia haver uma estratégia mais abrangente e integrada que não deixe ninguém para trás”, ao que Nuno Simões acrescentou que “as empresas não oferecem um serviço mais abrangente porque não têm retorno”, advogando ainda que “o mercado tem de preparar-se com antecedência, mas as empresas que estão no mercado da eficiência energética continuam a não ter um pacote estruturado”.

“E que critérios deveriam ser adotados numa estratégia mais abrangente?”. À questão colocada por Paulo Ferrão, Nuno Simões sublinhou que “deveria ser dada a possibilidade às empresas para que estas pudessem entrar no mercado com medidas mais estruturantes”.

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