GEOTA alerta que plantação de abacates em Alcácer do Sal pode condenar açude da Murta
O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente manifestou esta terça-feira a sua discordância contra o projeto de plantação de abacates previsto para o concelho de Alcácer do Sal, para as Herdades de Murta e de Monte Novo, que diz poder levar ao desaparecimento do açude da Murta.
O açude da Murta “é um ‘spot’ de biodiversidade e fornece água doce a inúmeras espécies de aves e mamíferos, entre outros”, afirmou o GEOTA em comunicado, e "corre o sério risco de secar”, caso a plantação de abacates avance, colocando ainda em causa "o uso sustentável dos recursos hídricos”, "numa zona do país que há muito se encontra em seca estrutural”.
De acordo com o GEOTA, calcula-se que o volume de água subterrânea extraída por ano, com o arranque do projeto, corresponderá a mais de 2850 milhões de litros, "alterando de vez o equilíbrio deste aquífero e consequentemente pondo em risco o açude da Murta”.
O Projeto Agroflorestal das Herdades de Murta e Monte Novo, que abrange uma área total de 2 402,10 hectares da freguesia de Comporta e da União das Freguesias de Alcácer do Sal e Santa Susana, é da responsabilidade da empresa Expoente Frugal (grupo Aquaterra), e contemplava inicialmente a criação “de uma área agrícola de produção de pêra-abacate com 722,24 hectares e de uma área florestal de produção de 1 415,85 hectares”, segundo o resumo não técnico do Estudo de Impacte Ambiental (EIA), disponível no portal Participa, consultado pela Lusa. Esta proposta não recebeu parecer favorável da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo e foi reformulada, tendo entrado em fase de consulta pública, que termina esta terça-feira.
O projeto reformulado prevê agora uma redução da área de plantação para 658,44 hectares, uma alteração na área de estruturas e infraestruturas de apoio para 76,04 hectares, a eliminação do Centro Interpretativo da Zona Especial de Conservação (ZEC) Comporta/Galé e de dois dos 34 furos para captação de água previstos.
O organização argumentou ainda que “as sucessivas aprovações de projetos agrícolas e turísticos, na sua maioria pela CCDR Alentejo, como autoridade de EIA, já permitiram a destruição de 30% da área da Zona Especial de Conservação (ZEC) Comporta-Galé, assim como o consumo excessivo de recursos hídricos”.