
Inovação com IA na otimização de ecopontos aumenta reciclagem no Algarve
Com o objetivo de cumprir as metas europeias de reciclagem estabelecidas pelo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2030 (PERSU2030), a Algar, em parceria com a startup portuguesa NILG.AI, está a liderar um projeto que “promete revolucionar” a gestão de resíduos na região do Algarve.
Trata-se do desenvolvimento de uma ferramenta de Inteligência Artificial (IA), no âmbito do programa ‘Re-Source 3.0’, da Sociedade Ponto Verde, que prevê otimizar a colocação de ecopontos na via pública, tornando o processo mais rápido, eficiente e sustentável.
“Até 2030, será necessário duplicar o número de ecopontos instalados no Algarve, a fim de melhorar o indicador de acessibilidade aos equipamentos de deposição seletiva de resíduos e, assim, contribuir para o aumento significativo das taxas de reciclagem”, diz a ALGAR em comunicado.
A Algar, desde 1995 responsável pela gestão de resíduos urbanos em 16 municípios do Algarve, enfrenta o desafio de identificar os melhores locais para a instalação de novos ecopontos, atualmente um processo moroso e complexo que pode demorar até um dia por ecoponto.
“Historicamente, cerca de 30% das propostas submetidas aos municípios para a colocação de novos ecopontos são rejeitadas, obrigando à repetição de todo o processo, o que torna o desafio ainda maior. No âmbito do PERSU 2030, prevê-se a colocação de mais 6230 ecopontos até 2030 nos 16 municípios de compõem área de abrangência da Algar. Mantendo-se o pressuposto atual, não seria possível a sua concretização nos prazos estabelecidos, pelo que esta ferramenta será um apoio fundamental na sua concretização”, explica a Algar.
A parceria entre a Algar e a NILG.AI surge como resposta a este desafio, trazendo uma solução tecnológica avançada que promete reduzir o tempo de desenvolvimento das propostas em 50%.
A nova ferramenta de IA, desenvolvida pela NILG.AI, utiliza algoritmos de machine learning para analisar grandes volumes de dados, incluindo históricos de recolha de resíduos, densidade populacional e infraestruturas locais. Com base nestes dados, a ferramenta identifica as melhores localizações para novos ecopontos, otimizando a acessibilidade para a população e minimizando os custos operacionais associados à recolha de resíduos, combinando, o que de outra forma seria o parecer de vários técnicos.
A ferramenta também integra uma componente visual, através de imagens de satélite e Google Street View, permitindo a análise de condições no terreno, como a presença de obstáculos que poderiam dificultar a instalação ou o acesso dos camiões de recolha. Esta abordagem inovadora aumenta a precisão das propostas e melhora as taxas de aceitação pelos municípios, prevendo-se um aumento de 30% nas aprovações.
O primeiro teste da ferramenta decorreu no concelho de Lagoa, numa área que combina caraterísticas rurais, urbanas e turísticas. No âmbito deste projeto-piloto, foi realizada uma análise comparativa entre o tempo de desenvolvimento da proposta e avaliação por parte do município quando realizada por um técnico e quando realizada pela ferramenta, comparando, desta forma, a solução IA/humano em termos de recursos gastos e eficiência das propostas aceites.
Com a implementação da nova ferramenta, a proposta final para dez novas localizações destinada à apreciação do município de Lagoa, foi concluída em dois dias, “o que representa uma redução de 83% no tempo de execução”, adianta a Algar.