
Investigação CESAM coordena sistema de monitorização da erosão costeira
A Praia de Mira foi identificada, há mais de dez anos, como um hotspot da erosão costeira da zona do centro de Portugal, o que motivou, em 2017, o estabelecimento de um protocolo de colaboração com o Município de Mira e a Universidade de Aveiro (UA).
Inicialmente foi instalado um protótipo de primeira geração de vídeo monitorização costeira para o estudo da erosão na parte norte da Praia de Mira, que esteve em funcionamento até 2023.
Em comunicado, o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, informa que, no passado dia 23 de abril, foi feita a instalação de uma nova geração de um sistema de vídeo e transmissão costeira.
Este novo protótipo incorpora câmaras de vídeo mais avançadas, acopladas a um sistema de laser para deteção da batimetria costeira. A combinação destas tecnologias permite observar a formação de agueiros e estudar melhor os processos associados à erosão costeira.
“Trata-se de uma plataforma inovadora que irá compreender como se forma a erosão, identificar os invernos mais agressivos e os locais da costa mais vulneráveis”, explica o CESAM em comunicado.
A interação entre o Município de Mira e a Universidade Aveiro tem sido dinamizada através de vários projetos de investigação do CESAM, como refere Paulo Baganha, investigador no CESAM/DGEO.
“Esta nova plataforma de monitorização é significativamente mais avançada e, atualmente, única no país com estas capacidades aplicadas à monitorização da faixa costeira e da erosão. Permite salvaguardar o cordão dunar e orientar as intervenções necessárias com maior eficácia”, adianta.
Destaca-se, neste contexto, o projeto A-AAGORA das Missões do Atlântico, no qual o sistema de videomonitorização irá permitir fornecer, em tempo real, serviços óticos de avaliação da linha de costa, e o projeto SHORESAFTY onde será gerado um modelo de topo assimétrico que inclui, para a área emersa da praia, a criação automática do modelo topográfico a partir da conjugação de vídeo e laser. Já na parte submersa, serão aplicados métodos de impressão batimétrica para estimar a batimetria costeira.
A investigação desenvolvida pelo cluster de investigação RC1 – Mar Profundo, Oceano e Ecossistemas de Transição do CESAM contribui igualmente para a compreensão dos mecanismos associados às alterações climáticas. “Este conhecimento, transversal às áreas científicas do centro, fundamenta o desenvolvimento de estratégias de adaptação e reforça os esforços de mitigação, com destaque para o trabalho realizado na Praia de Mira como exemplo emblemático da aplicação prática desta investigação”, refere o CESAM.
Este trabalho está também a ser desenvolvido em colaboração com a empresa R5 Marine Solutions, responsável pela implementação das tecnologias desenvolvidas e atualmente parte integrante do living lab do projeto A-AAGORA.