Maioria dos portugueses reconhece urgência ambiental, mas poucos mudam comportamentos, conclui estudo
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Maioria dos portugueses reconhece urgência ambiental, mas poucos mudam comportamentos, conclui estudo

Apesar de reconhecerem os impactos das alterações climáticas, os portugueses continuam a não colocar o ambiente entre as suas principais prioridades. Esta é uma das conclusões do estudo “Clima de Mudança: perceções sobre os desafios ambientais em Portugal”, encomendado pela Fundação Calouste Gulbenkian, que traça o retrato das atitudes da população face aos desafios ambientais e à forma como se relaciona com as organizações da área.

O estudo mostra que 71% dos inquiridos acredita que os custos do impacto das alterações climáticas serão superiores aos das medidas para as combater. Ainda assim, a defesa do ambiente surge atrás de temas como os cuidados de saúde, a pobreza ou a corrupção. “A preocupação existe, mas nem sempre se traduz em ação concreta”, aponta o relatório.

Entre os problemas ambientais mais mencionados, destacam-se os eventos climáticos extremos, o esgotamento de recursos e as alterações climáticas. Já a poluição do ar, a perda de biodiversidade ou a desflorestação são vistos como questões menos urgentes.

Para mais de metade da população, o espaço público deve dar o exemplo e liderar a transição ambiental. No entanto, poucos dizem encontrar boas práticas nas ruas ou nas instituições. A reciclagem continua a ser apontada como a ação individual mais eficaz, superando outras medidas com maior impacto real, como a transição energética ou a mobilidade sustentável.

O inquérito identificou ainda cinco perfis de cidadãos, desde os mais entusiastas aos completamente desinteressados. Os mais comprometidos tendem a ter níveis de escolaridade mais elevados e encontram-se sobretudo entre os 45 e os 60 anos. Já os jovens entre os 18 e os 24 anos estão menos envolvidos, sendo também os que mais se informam pelas redes sociais.

A perceção de que viver de forma sustentável é mais caro é uma barreira à mudança: 52% dos inquiridos diz que não adota comportamentos mais sustentáveis por não ter capacidade financeira. Neste contexto, o estudo defende que os incentivos podem ser mais eficazes do que penalizações para promover mudanças.

Embora os cidadãos valorizem as organizações ambientais, poucos mantêm ligação com estas entidades ou conhecem as que atuam na sua zona. As próprias organizações admitem dificuldades em comunicar, mobilizar e garantir recursos, sendo muitas compostas apenas por voluntários.

A maioria destas organizações acredita que criar redes e estratégias de colaboração pode ajudar a aumentar o seu impacto. “Se criássemos maratonas de limpeza da floresta, como se fazem para correr, seria uma forma de envolver as pessoas”, sugeriu um dos participantes nos grupos de discussão. O estudo conclui que estruturas comunitárias ligadas ao ambiente, com capacidade de envolver a sociedade em projetos coletivos, podem ser fundamentais para acelerar a mudança.

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