A tarifa paga pelos consumidores de eletricidade é composta por várias parcelas, sendo o preço da energia apenas uma delas, e seguramente não a maior. Atualmente, as renováveis constituem-se como as tecnologias de que decorrem os mais baixos custos de produção. Caso continuássemos a depender de combustíveis fósseis, o custo da produção de eletricidade seria seguramente superior (haveria de pagar as emissões de CO2) e as tarifas mais altas. Sendo verdade também que a tarifa paga pelos consumidores não desce, a razão estará nas outras parcelas que compõem a tarifa (os custos associados às redes e à gestão do sistema, definidos pelo regulador, e outros custos, taxas e impostos, estes definidos pelo Governo), e também na metodologia marginalista de definição dos preços.
Na abertura de um seminário da Entidade Reguladora para os Serviços Energéticos, Maria da Graça Carvalho, Ministra do Ambiente e Energia, constatou o que, para alguns, é óbvio: apesar de a eletricidade consumida em Portugal ser maioritariamente proveniente de fontes renováveis, isso não se traduziu, até hoje, em faturas mais baixas, nem para as famílias nem para as empresas.
Para esses, é assim mesmo, e a situação tem muito de paradoxal: é como se a Arábia Saudita, apesar das suas enormes reservas de petróleo, não tirasse proveito dos seus recursos. O problema, o contributo limitado das renováveis no preço final da eletricidade, tem barbas, e o Jornal Água&Ambiente muito cedo e pioneiramente lançou a questão. Em 2021, por exemplo, o programa do 9.º Fórum Energia, perguntava se fazia sentido manter o atual modelo de formação de preços.
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Se para alguns, como a Ministra, é óbvio que a nossa produção renovável pouco contribuiu até hoje para baixar a tarifa que os consumidores domésticos e industriais pagam pela eletricidade, comparativamente ao que pagavam há anos antes das renováveis terem o peso que têm hoje, há quem afirme que os custos finais da eletricidade para os consumidores têm sido inferiores aos que seriam sem as renováveis. Afinal, qual querela instalada, quem tem razão ou quem tem mais razão?
O Governo, no próximo mês de abril, estará em exercício há um ano. Sendo a questão da redução do preço da eletricidade central no seu programa, que razões podem explicar que, até hoje, nada se conheça sobre como irá o executivo reduzir a fatura da energia das empresas e das famílias?
O que é que pode o Governo fazer para, de forma expedita, reduzir o custo da energia?

