
Portugal “tem um atraso significativo no desenvolvimento dos gases renováveis face a outros países europeus”
A Floene encerrou, esta terça-feira, o projeto ‘Indústria de Futuro - Roteiro para a Introdução dos Gases Renováveis no Setor Industrial Nacional’ com uma conferência final no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.
Este evento marcou o culminar de uma iniciativa que visou promover a eficiência energética e a descarbonização da indústria nacional através da utilização de gases renováveis, como o biometano e o hidrogénio.
Gabriel Sousa, CEO da Floene, sublinhou que, “depois de dois anos de termos iniciado este projeto, estamos bem melhor do que quando começámos. Temos uma indústria mais informada e capacitada para a solução de descarbonização com os gases renováveis e temos nas nove distribuidoras da Floene sete contratos de injeção de gases renováveis nas redes de gás, prevendo-se que o processo, em alguns casos, tenha início ainda em 2025. Ainda temos muito trabalho por desenvolver e temos de ser muito rápidos, a indústria nacional necessita urgentemente destas soluções”.
O responsável considerou também que Portugal “tem um atraso significativo no desenvolvimento dos gases renováveis face a outros países europeus e essa realidade irá condicionar a competitividade da nossa indústria e o desempenho da economia nacional”.
Gabriel Sousa lembrou que 80% do volume de gás que a Floene distribui é destinado à indústria nacional, “representando um valor essencial para a saúde e competitividade da economia”. Ao longo deste projeto, disse, “identificamos três necessidades críticas para a sustentabilidade e competitividade da indústria nacional. A primeira, a necessidade de reduzir a pegada carbónica, garantindo a competitividade a curto e médio prazo e, ao mesmo tempo, garantindo a sustentabilidade económica e financeira a longo prazo. Depois, a necessidade de adotar vetores energéticos adequados às exigências específicas dos consumos de energia térmica nos diversos processos industriais, respeitando a preocupação dos investimentos que não sejam excessivos e evitando soluções que não sejam sustentadas. E uma terceira relacionada com o aprovisionamento de energia contínuo, essencial para a operação de área da nossa indústria sem comprometer a sua competitividade ou da nossa economia”.
Adiantou ainda que, no setor da produção de gases renováveis, a Floene, a maior distribuidora de gás em Portugal, encerrou o ano de 2024 com o fecho dos primeiros sete contratos de injeção de gases renováveis nas suas redes.
No decorrer do projeto, financiado pelo Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia (PPEC), aprovado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), foram realizados seis workshops regionais, inquéritos setoriais e energéticos, seminários e cursos de formação, envolvendo mais de 2 350 inscritos, 280 empresas e mais de 30 setores económicos.
A conferência final reuniu esta terça-feira representantes da indústria, associações setoriais, entidades académicas e fornecedores de tecnologia para partilhar os principais resultados.
O evento incluiu apresentações de casos práticos e painéis de discussão, culminando com a entrega do Galardão ‘Indústria de Futuro’. O prémio foi atribuído à Grestel, com o projeto Ecogrés 4.0., que tem como objetivo criar a unidade industrial de produção de louça de grés mais sustentável do mundo, aplicando conceitos de economia circular, sustentabilidade e eficiência energética. Este projeto distinguiu-se pelo seu compromisso com a descarbonização, integrando gases renováveis nos seus processos industriais de forma inovadora e eficiente.