Recargas de areia representam grande contributo para atenuar processos erosivos nas zonas costeiras
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) realizou um estudo para avaliar os impactos na evolução das zonas costeiras portuguesas e comparar custos e benefícios num horizonte temporal de análise de 20 anos, que concluiu que as intervenções de alimentação artificial, ou seja, as recargas de areia, são as que mais diretamente contribuem para atenuar os processos erosivos e/ou promover o avanço da linha de costa, com consequente ganho significativo de território.
Os cenários referentes à remoção de esporões apresentam efeitos locais muito pronunciados, nomeadamente um recuo significativo da linha de costa a barlamar da intervenção, tornando-se apenas viáveis em termos de custos e benefícios quando associados a intervenções de alimentação artificial na praia emersa, concluiu também a APA.
O estudo recomenda ainda que sejam pormenorizadas as soluções consideradas como mais vantajosas, de modo a otimizar a sua eventual aplicação a determinados locais.
"Os resultados obtidos no âmbito do presente trabalho devem ser interpretados de forma prudente, apresentando um caráter exploratório ao nível da definição de futuras intervenções na costa ocidental", adverte a APA.
Designado por “Análise Custo-Benefício para Definição de Cenários de Adaptação às Alterações Climáticas de Troços Costeiros em Erosão (COBE)”, o estudo envolveu a análise de 56 cenários comparativos de mitigação do problema de erosão costeira em cinco troços costeiros (Ofir – Cedovém, Esmoriz – Torrão do Lameiro, Barra - Mira, Cova - Gala-Leirosa e Costa de Caparica), e foi cofinanciado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).
"As alterações climáticas constituem um desafio e motivo de preocupação relevante face aos previsíveis impactos ambientais, económicos e socias que irão gerar nas zonas costeiras. O estabelecimento ou aumento da erosão costeira, a modificação da frequência e magnitude das inundações costeiras irá contribuir para o aumento da vulnerabilidade já existente e para o incremento das situações de risco em locais com densidade de ocupação elevada, em particular nos troços limitados por sistemas praia-duna deficitários em sedimento. Na situação atual de elevada incerteza relativamente à evolução futura da faixa costeira de Portugal Continental, a adoção de medidas de Adaptação para reduzir os impactos, aumentar a resiliência, diminuir a vulnerabilidade e risco ou explorar eventuais oportunidades benéficas resultantes das alterações climáticas é absolutamente fundamental", contextualiza a APA.