Reciclagem de embalagens atinge 58,6% em 2024, mas plástico e vidro continuam abaixo das metas
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Reciclagem de embalagens atinge 58,6% em 2024, mas plástico e vidro continuam abaixo das metas

Em 2024, foram recicladas 58,6% das embalagens colocadas no mercado em Portugal no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE), que inclui as entidades gestoras Sociedade Ponto Verde (SPV), Novo Verde e Electrão. Os dados constam do relatório de gestão publicado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e refletem um desempenho ainda aquém das metas europeias para 2025, que exigem uma taxa mínima de reciclagem de 65%.

No total, as entidades do SIGRE declararam 910.801 toneladas de embalagens colocadas no mercado, das quais cerca de 533.816 toneladas foram efetivamente retomadas e recicladas. A madeira (28,3%), o alumínio (19,2%) e o vidro (51,8%) registaram os piores resultados relativos, sendo que apenas o papel/cartão (79,3%) superou a meta europeia para 2025 (75%).

Entre os materiais, o papel/cartão destacou-se com 229.423 toneladas colocadas no mercado e 182.040 toneladas recicladas. Já no caso do plástico, das 199.891 toneladas declaradas, apenas 102.942 foram recuperadas, o que representa uma taxa de reciclagem de 51,5%, ainda abaixo do objetivo europeu de 50% a atingir já no próximo ano.

O vidro teve um desempenho ainda mais modesto. Das 423.234 toneladas colocadas no mercado, apenas 219.271 toneladas foram recicladas, o que equivale a 51,8%, quando a meta definida pela União Europeia é de 70% até ao final de 2025. No que toca aos metais, o desempenho foi desigual: os metais ferrosos atingiram 94,1% de reciclagem, enquanto o alumínio ficou-se pelos 19,2%, longe do mínimo exigido de 50%.

Relativamente à valorização global — que inclui não apenas a reciclagem, mas também processos como valorização energética e tratamento mecânico-biológico —, a taxa atingiu os 74,9%. No total, foram valorizadas 682.195 toneladas de resíduos de embalagens.

Em 2030, Portugal deverá reciclar 70% do total de resíduos de embalagens, incluindo 85% de papel/cartão, 75% de vidro, 80% de metais ferrosos, 60% de alumínio, 55% de plástico e 30% de madeira.

A gestão dos resíduos de embalagens é feita de forma diferenciada, consoante se trate de produtores com menos ou mais de 1100 litros diários de produção, ou do fluxo não urbano. No caso do SIGRE, o foco está sobretudo nos resíduos urbanos de pequena escala, cuja recolha se faz através de ecopontos, ecocentros, porta-a-porta ou triagem posterior.

O relatório agora publicado pela APA será usado como base para o reporte oficial dos resultados de 2024 à Comissão Europeia e ao Eurostat em 2026.

SPV e Novo Verde admitem estagnação e apelam à mobilização do sistema

A Sociedade Ponto Verde (SPV), que assegura cerca de 80% da recolha de embalagens, admite, em reação aos resultados do SIGRE, que o desempenho do mercado ficou aquém do esperado. A entidade gestora sublinha que, tendo em conta o reforço dos valores de contrapartida em vigor desde o início do ano, seria expectável um progresso mais significativo.

No primeiro semestre de 2025 foram recicladas 231 mil toneladas de embalagens — apenas mais 2% face ao período homólogo de 2024 —, pode ler-se no comunicado da SPV.

Também a Novo Verde, responsável por cerca de 8% do mercado, assume que o crescimento registado é claramente insuficiente para garantir o cumprimento das metas europeias a que Portugal está comprometido.

Ambas as entidades reconhecem que o cenário é particularmente preocupante no caso do vidro, cuja taxa de reciclagem ronda os 50% — abaixo do valor anterior e longe do objetivo de 70% fixado para este ano.

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