Reino Unido abre-se à tecnologia nuclear chinesa
O Reino Unido está interessado em receber a primeira central nuclear da Europa concebida e produzida por chineses, noticia esta semana o Finantial Times. O governo de Cameron pretende que Pequim lidere o desenvolvimento de projectos de produção de energia nuclear no Reino Unido.
A secretária de Estado britânica da energia, Amber Rudd, revelou que está previsto que a China projecte e construa uma unidade em Essex, leste de Inglaterra, no âmbito de uma parceria com o grupo energético francês EDF. Esta será a primeira de uma nova geração de unidades a instalar no Reino Unido.
Amber Rudd disse ao Finantial Times, durante uma visita a Pequim, que a China está muito empenhada em ver as suas centrais nucleares implementadas no Reino Unido.
O governo britânico admite que o nuclear é caro, em comparação com o carvão, mas compensa face à redução de CO2 que proporciona, explicou Amber Rudd em entrevista à BCC. “Tem que fazer parte do nosso mix de electricidade”, defendeu.
Entretanto o ministro das finanças britânico, George Osborne, já anunciou um investimento de dois mil milhões de libras (2.800 milhões de euros) para garantir o avanço de uma outra central nuclear - “Hinkley Point”, no sudoeste de Inglaterra, um projecto que está atrasado e que conta com capitais chineses.
“Hinkley Point” custará no total 24.500 milhões de libras (34.000 milhões de euros) e “abrirá portas a uma cooperação sem precedentes” entre o Reino Unido e a China.
A central será a primeira a ser construída em mais de 25 anos. O Reino Unido tem 16 reactores nucleares em funcionamento, que garantem um sexto do consumo eléctrico do país. As centrais são antigas e 29 reactores foram já encerrados. Renovar o parque nuclear é por isso uma apostas do Governo de Cameron para reduzir as emissões de dióxido de carbono nas próximas décadas.
Hinkley irá garantir sete por cento do consumo de electricidade no Reino Unido, o que não já acontecerá antes de 2013 dado o atraso do projecto. A decisão de avançar com a central deverá ser tomada em Outubro aquando de uma visita do presidente Chinês a Londres.
Se dúvidas houvesse estas notícias vêm confirmar o regresso da opção nuclear ao Reino Unido, com ajuda dos chineses e o apoio da França. O discurso político, para defender a aposta no nuclear, utiliza como argumento as emissões nulas de CO2 garantidas pelas centrais nucleares, apesar dos elevados custos de investimentos a elas associados.
Os contratos associados à produção de energia com recurso a centrais nucleares têm por base um Contrato de Aquisição de Energia (CAE). De acordo com as orientações europeias de política energética era suposto estes contratos terminarem. Também aqui o Reino Unido parece querer afirmar a sua independência face à União Europeia. Quem falou em phasing out da energia nuclear?