SPEA lança rede nacional de santuários para reverter declínio alarmante das aves
O número de aves nos campos portugueses tem vindo a diminuir “de forma preocupante” nas últimas décadas, alerta a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA. Dá o exemplo da andorinha-das-chaminés, um símbolo da chegada da primavera, que sofreu uma redução de 40% nos últimos 20 anos. Este é apenas um exemplo do declínio que afeta também outras espécies, como o cuco, o pardal e a rola-brava, não só em Portugal, mas em toda a Europa.
Perante esta crise da biodiversidade, a SPEA propõe uma solução: a criação de uma rede nacional de santuários para aves, envolvendo a sociedade civil, particulares e instituições de diversa natureza. Estes espaços, espalhados por todo o país, serão geridos com o objetivo de favorecer a avifauna e a biodiversidade local. Para os tornar realidade, a organização lançou uma campanha de comunicação e de angariação de fundos.
“Num contexto de declínio de grande número de espécies, incluindo muitas consideradas comuns, é indispensável envolver as pessoas diretamente na conservação da Natureza, e das aves em particular”, diz Rui Borralho, Diretor Executivo da SPEA.
Em toda a Europa, estima-se que 64% das espécies de aves das zonas agrícolas estejam em declínio, devido a ameaças crescentes como a intensificação da agricultura, as monoculturas, o uso excessivo de agroquímicos e a destruição de habitats tradicionais. “E instrumentos como a Política Agrícola Comum da UE não estão a conseguir proteger a biodiversidade e os pequenos agricultores”, adianta a SPEA.
Para reverter estas tendências preocupantes, a SPEA propõe a criação de uma rede de santuários para aves em todo o país. A iniciativa visa implementar medidas de gestão favoráveis à avifauna, restaurando habitats e promovendo assim a biodiversidade.
Em cada santuário, os especialistas da SPEA irão identificar e monitorizar as espécies de aves existentes e analisar as características do local, trabalhando em conjunto com os proprietários para definir medidas que favoreçam as aves, e que estes se comprometem a implementar. Essas medidas podem passar, por exemplo, por criar a charcos e pontos de água, substituir plantas invasoras por espécies autóctones, implementar parcelas de culturas para a fauna, ou instalar caixas-ninho.
A SPEA alerta que, sem mudanças urgentes, “Portugal poderá ver desaparecer espécies essenciais para o equilíbrio ecológico, e o risco de extinção de várias populações de aves, especialmente as de zonas agrícolas e migradoras, aumentará dramaticamente”.