Universidade de Coimbra desenvolve tratamento com amêijoa asiática para remover fármacos das águas residuais
Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) fizeram uma descoberta inovadora ao desenvolver um tratamento que utiliza a biofiltração da amêijoa asiática para remover fármacos das águas residuais. Este trabalho integra o projeto "Development of biofiltration strategies for water recovery", um dos vencedores dos Prémios Projetos Semente de Investigação Científica Interdisciplinar da Universidade de Coimbra.
O projeto, liderado por um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC) em colaboração com a Faculdade de Farmácia da UC (FFUC), visa explorar a amêijoa asiática, dando-lhe uma aplicação prática enquanto ajuda no combate a essa espécie invasora. O objetivo é remover fármacos das águas residuais, permitindo uma reutilização mais segura da água.
Até agora, foram realizados quatro ensaios laboratoriais para testar a eficácia do processo por 24 e 48 horas, bem como com amêijoas reutilizadas. Foram detectados 17 compostos pertencentes a seis diferentes grupos farmacoterapêuticos, dos quais 11 foram removidos com sucesso pelas amêijoas.
Os investigadores observaram que não há uma diferença significativa nos tempos de teste, com uma média de remoção de 44% em 24 horas e 46% em 48 horas, tendo destacado que o aumento de tempo não promoveu diferenças significativas, o que é positivo, pois implica que o volume de água a ser retido no tratamento seja menor.
João Gomes, investigador do Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade, destacou que o grande desafio foi construir um biofiltro eficiente que retenha as amêijoas, evitando que essa espécie invasora seja liberada no meio ambiente, permitindo apenas a liberação da água tratada.
O projeto tem como objetivo prevenir problemas ambientais, de saúde animal e humana, que são considerados indissociáveis. André Pereira, docente da FFUC, explicou que os fármacos, após serem ingeridos, vão para a estação de tratamento de águas residuais (ETAR) e, posteriormente, para o rio, afetando o ecossistema animal e ambiental, e, por fim, a saúde humana através da água do rio que é captada para consumo humano. É sempre importante perceber que estamos a atuar nestas três vertentes, que são indissociáveis", concluiu.