
ZERO defende revisão do preço da água em Alqueva e critica posição do Governo
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável manifestou esta quarta-feira apoio à proposta do presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, para rever a estrutura tarifária da água no perímetro de rega de Alqueva, diferenciando os preços conforme o tipo de cultura agrícola. A posição foi divulgada esta terça-feira em comunicado de imprensa, onde a ZERO critica também a recusa do Governo em considerar qualquer alteração dos tarifários.
Para a ZERO, a atual estrutura de preços favorece sistemas agrícolas intensivos e permanentes, como os olivais e amendoais superintensivos, que exercem forte pressão sobre os recursos naturais da região. A associação considera que “a água de Alqueva deve servir o bem público” e não continuar a subsidiar “os lucros privados”.
A organização ambiental acusa o Executivo de manter uma lógica de curto prazo, ao ceder às exigências do agronegócio e bloquear propostas que pretendem ajustar os preços da água aos seus custos reais. Recorda ainda que, em 2023, o Governo já tinha impedido a EDIA de repercutir os custos da energia no preço da água.
Entre as preocupações da ZERO está também a expansão descontrolada da área irrigada, incluindo 30 mil hectares de rega “precária” que escapam a avaliação ambiental e são ocupados, maioritariamente, por culturas permanentes. Esta situação, segundo a associação, compromete a sustentabilidade do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA) e transforma o que devia ser uma reserva estratégica num sistema em risco.
A proposta de diferenciação tarifária, na perspetiva da ZERO, é uma “medida urgente, justa e necessária” que poderá promover um uso mais responsável da água e garantir que o regadio público serve o interesse coletivo. A associação defende ainda a introdução de critérios socioambientais na gestão do sistema e a inclusão de organizações locais e ambientais no Conselho para o Acompanhamento do Regadio.