ZERO pede eliminação gradual de fábricas de pellets de grande escala em Portugal
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ZERO pede eliminação gradual de fábricas de pellets de grande escala em Portugal

A ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável exigiu, este domingo, que o Governo intervenha "seriamente" no setor dos pellets, pedindo que sejam tomadas quatro ações urgentes em quatro áreas e a ponderação de um plano para eliminar gradualmente as fábricas de pellets de grande escala em Portugal.

As medidas apresentadas pela ZERO, passam por parar com o financiamento público para a instalação, remodelação ou aumento de capacidade das indústrias de pellets e introduzir parecer vinculativo do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas relativo à sustentabilidade do abastecimento florestal, tanto para o licenciamento de novas fábricas, como para o aumento da capacidade de produção das existentes: "Apesar da disponibilidade de madeira ser cada vez mais escassa, a indústria das pellets está a competir com outros setores que fabricam produtos de maior valor acrescentado e que mantêm o carbono sequestrado por muito mais tempo, como a indústria de serração, painéis de madeira, postes, varas e usos exteriores", justificou a associação ambientalista. 

A ZERO solicitou ainda ao Governo que seja aumentado o financiamento público para a gestão florestal, em particular a dos pequenos proprietários, por forma a inverter a tendência de declínio, e avaliado o real impacte da indústria dos pellets na floresta Portuguesa e na restante indústria que compete pela biomassa florestal.

"Isto permitiria uma maior proteção das florestas de pinheiro em rápido declínio em Portugal, reduziria a contribuição de Portugal para os impactos climáticos da produção de energia e ajudaria a proteger outros utilizadores industriais de pinho que produzem bens de maior valor e não o queimam, como serrações e fabricantes de painéis de madeira", acrescentou a associação. 

Segundo o Barómetro Anual sobre Indústria dos Pellets 2023/24 em Portugal, elaborado pela ZERO, são apresentados dados "muito preocupantes ao nível da utilização de troncos de árvores que continuam a colocar em causa a sustentabilidade na utilização de madeira na indústria para a produção de produtos de maior valor acrescentado", adianta a ZERO em comunicado.

Os operadores de fábricas de pellets de madeira afirmam que apenas utilizam biomassa residual na sua produção, referindo, por exemplo, que a indústria "não tem impacto ambiental… e apoia a gestão florestal, ao consumir sobretudo produtos oriundos da limpeza florestal e desperdícios da indústria de madeiras". Contudo, as fichas técnicas das fábricas de pellets constantes deste Barómetro Anual mostram que grandes volumes de rolaria e troncos de árvores inteiras estão a ser ou foram recentemente utilizados em todas as grandes fábricas de pellets do Centro de Portugal, revela ainda a ZERO. 

Além disso, A enorme procura de madeira pela indústria de pellets está a contribuir para o declínio acentuado dos povoamentos de pinheiro-bravo em Portugal e as dificuldades de abastecimento de madeira a esta escala estão a levar ao encerramento de algumas fábricas de grandes dimensões.

Também, segundo o comunicado da ZERO, "um estudo recente aponta que nos últimos 10 anos as florestas portuguesas não funcionaram como sumidouro de carbono, especialmente nos anos em que ocorreram grandes incêndios florestais, sobretudo 2017. Isto significa que a nossa ferramenta mais importante para combater as alterações climáticas está, na verdade, a fazer o oposto". 

"Neste contexto, parece já muito claro que a escassez de matérias-primas está a atingir o ponto de não retorno para a indústria de pellets em Portugal, com duas das maiores fábricas do país a serem forçadas a fechar as suas portas nos últimos dois anos, com perturbações significativas sentidas por outros operadores."

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