Apoio à substituição de eletrodomésticos ineficientes faz sentido?
A eficiência energética é um objetivo nobre e que deve ser defendido, implementado e apoiado. Contudo, não é a única abordagem possível no âmbito da sustentabilidade e, por vezes, não é sequer a mais eficaz. O princípio da suficiência, usando o menos possível e compreendendo que, ao contrário do que nos tentam convencer, não necessitamos assim de tantas coisas à nossa volta para vivermos bem e com qualidade, é fundamental e prioritário.
A prioridade desta abordagem alternativa é ainda mais clara quando temos presente que o uso de recursos naturais é extremamente desigual, com os países, ou melhor, a parte da população mundial com mais recursos financeiros a ser responsável por mais de 70% do consumo.
Neste contexto, a nossa abordagem deve passar a ser, cada vez mais, a de procurar a eficiência num contexto de suficiência, do que apelar apenas à eficiência.
Dado que até ao presente a eficiência tem sido associada apenas à componente do uso da energia, é urgente integrar uma abordagem mais abrangente, onde a eficiência também tem de ser medida em função do uso de recursos implicados na própria produção dos equipamentos e também no seu fim de vida e não apenas na sua fase de uso. É que se há equipamentos onde o principal impacto acaba por ser na fase de utilização (por exemplo as máquinas de lavar), há outros onde a fase anterior tem o maior impacto (por exemplo, quando falamos de computadores, telemóveis, etc.).
Isto não invalida que os apoios possam ser ferramentas ótimas para orientar o consumidor e o mercado, isto é, dar prioridade aos equipamentos mais eficientes quando, de facto, é necessária uma nova aquisição, o que nem sempre acontece.
Contudo e no essencial, na opinião da ZERO, é importante que sejam ponderados os vários impactos de um equipamento e não apenas a energia que usa durante a sua utilização. Sem esta visão mais abrangente, corremos o risco de tomar decisões que podem levar a um menor uso da energia na utilização, mas um grande desperdício da energia e de outros recursos, necessários noutras fases da vida de um produto.