Descarbonização da mobilidade em várias direções
Moderador: José Costa Pereira (COO Energia na Veolia)
Participantes: Teresa Ponce de Leão (Presidente do LNEG), Bernardo Boal (Mobility Manager na Dourogás Renovável), Armando Oliveira (Administrador-Delegado na Repsol)
Descarbonização da mobilidade em várias direções: veículos elétricos, gases renováveis e combustíveis descarbonizados
Mobilidade elétrica: fator-chave para atingir objetivos na descarbonização rodoviária
Teresa Ponce de Leão apresentou um resumo do ponto de situação das várias soluções de descarbonização na área da mobilidade, relevando o contributo dos combustíveis renováveis nesta transição energética. Como ideia-chave, verifica-se que a mobilidade elétrica será o contribuidor mais relevante para que os objetivos de descarbonização na mobilidade rodoviária sejam atingidos. Já no que se refere à mobilidade marítima e aérea, serão os biocombustíveis a ter o papel mais importante.
Neste contexto, Teresa Ponce de Leão referiu o crescimento exponencial dos veículos elétricos, apesar de algumas fragilidades identificadas na rede de abastecimento e na necessidade de se encontrar uma solução robusta para reciclagem e usos alternativos para as baterias. No caso das infraestruturas, a solução é criar uma rede de carregamento com postos próximos entre si.
Outra das ideias-chave é que a descarbonização na mobilidade não se fará numa única dimensão, é muito relevante podermos ter várias soluções que contribuam para atingirmos as metas de descarbonização acordadas.
Todos os gases renováveis são essenciais
Os gases de origem renovável, nomeadamente o biometano, terão também um papel relevante na descarbonização, tendo Ricardo Boal salientado que os vários gases de origem renovável (biometano e hidrogénio, por exemplo) não se eliminam entre si, todos são necessários para que as metas de descarbonização sejam atingidas. No entanto, o biometano terá aplicação mais imediata nos transportes pesados de mercadorias e passageiros, bem como nos veículos de recolha de resíduos. Apesar de existir já hoje uma percentagem regulamentada para incorporação de gases de origem renovável no gás natural veicular, o objetivo é de que até 2025 os gases para utilização na mobilidade sejam 100% de origem renovável.
HVO “é uma das apostas para descarbonizar a mobilidade terrestre”
No que respeita à introdução de combustíveis sintéticos, Armando Oliveira salientou o facto de não ser necessária uma alteração na logística de distribuição referindo ainda como ponto relevante que, mantendo a qualidade do produto, a adição de biocombustíveis tem sido constante e atinge hoje valores relevantes, sendo um dos principais pilares da descarbonização. O HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), um combustível sintético que já está disponível em algumas localizações, é uma das apostas para descarbonizar a mobilidade terrestre, mais uma vez, com o foco na manutenção das logística de distribuição e no reduzido impacto na necessidade de adaptação dos veículos.
O fator “preço” é relevante, quer seja pela variação dos valores de mercado, quer pelo próprio custo das viaturas elétricas ou a gás de origem renovável. Uma vez mais, a diversidade das soluções de mobilidade é fundamental para que as escolhas mais adequadas em cada contexto se possam fazer, sendo certo que as empresas logísticas que oferecem uma solução de transporte descarbonizado têm uma vantagem competitiva, uma vez que o Cliente final perceciona esta vantagem e está disponível para contribuir para uma solução que lhe permita comunicar uma meta de carbono zero.