Dois erros da Europa na política energética?

Dois erros da Europa na política energética?

Em vésperas de um encontro dos líderes europeus para discutirem a competitividade económica na União Europeia (UE), Fatih Birol, diretor executivo AIE, referiu ao Financial Times: «na Europa, a indústria estava agora pagando o preço por “dois erros monumentais históricos” na política energética — confiarem no gás russo e terem abandonado a energia nuclear, pelo que necessitaria de novo plano diretor industrial».

Esta afirmação fundamenta-se em alguns dados concretos:

"As indústrias pesadas tradicionais enfrentam grandes problemas de competitividade, quando comparadas com as grandes economias dos EUA e da China, já que o gás é cerca de cinco vezes mais caro na UE do que nos EUA, e a eletricidade duas a três vezes."

As indústrias pesadas tradicionais enfrentam grandes problemas de competitividade, quando comparadas com as grandes economias dos EUA e da China, já que o gás é cerca de cinco vezes mais caro na UE do que nos EUA, e a eletricidade duas a três vezes.

O consumo industrial de eletricidade diminuiu cerca de 12% em 2023 face a 2021. Espera-se que o consumo de 2021 seja apenas restabelecido em 2026, em parte pela produção das bombas de calor, veículos elétricos e instalação de centros de dados (dados AIE).

A redução de consumo de eletricidade também se deve a boas razões, como o aumento da eficiência energética na indústria e edifícios e a utilização de outros vetores energéticos para a descarbonização, como os “biogases”.

As emissões da UE representam apenas 8% das emissões mundiais, muito atrás dos maiores poluidores: os EUA, a China e a Índia. Ao estabelecer ambiciosos compromissos de redução e emissões de CO2 em 55%, pretendia-se ganhar a liderança nas tecnologias limpas e acelerar a transição energética.

Acontece que esta ambição não está a ser conseguida.

A China lidera a nível mundial as principais cadeias de fornecimento nas tecnologias limpas: painéis solares, baterias, turbinas eólicas (naceles), eletrolisadores e veículos elétricos (fonte Bloomberg), sendo, em 2023, o país que maior aumentou produção com as centrais de carvão (Global Energy Monitor).

A guerra na Ucrânia alterou as prioridades económicas e tecnológicas. A UE vai ter de fazer grandes investimentos nas indústrias de defesa.

A estagnação dos prometidos empregos verdes, a falta de veículos elétricos acessíveis e o aumento do custo de vida, quer na alimentação quer na habitação, levou a que os cidadãos se sintam incapazes de fazer novos investimentos a curto prazo na transição energética.

"Em Portugal, com o novo ciclo que agora se inicia, espera-se que se dê mais atenção ao financiamento das tecnologias que ajudam na descarbonização da indústria, que não se viabilize projetos megalómanos, onerando a tarifa, e se que aumente a eficiência das  instituições."

Em Portugal, com o novo ciclo que agora se inicia, espera-se que se dê mais atenção ao financiamento das tecnologias que ajudam na descarbonização da indústria, que não se viabilize projetos megalómanos, onerando a tarifa, e se que aumente a eficiência das  instituições.

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