
Dores e Proveitos da Internacionalização
A área internacional representa desafios e oportunidades progressivamente mais interessantes e estratégicas para as várias fileiras do setor português da água. Desde estudos e projetos, à fiscalização e construção de infraestruturas hidráulicas, são muitas as possibilidades de envolvimento de Instituições e Empresas portuguesas em projetos de referência, que permitem criação de valor e consolidação e expansão da engenharia nacional.
Num contexto de particular incerteza e volatilidade, o interesse e envolvimento de Empresas e Instituições nacionais na internacionalização é fundamental para a sua sobrevivência, e para que se possa ultrapassar, com confiança, as dificuldades conjuntas que ameaçam o setor, seja pela crescente ocupação e expansão das cidades, seja pelas alterações climáticas e frequência de eventos extremos, como secas prolongadas e inundações, com prejuízos em pessoas e bens, seja pela escassez de matérias primas e outros recursos.
As áreas geográficas de maior ênfase para a participação portuguesa têm-se mantido estáveis na última década, 2013-2023, incluindo naturalmente a África Subsaariana (não apenas Angola e Moçambique, mas igualmente os mercados “adjacentes”); o MENA – Middle East and North Africa, com destaque para os países do Magrebe e a América Latina (Brasil e mercados “adjacentes”).
Em termos globais, o crescimento do “negócio” na vertente “internacional” tem sido mais acentuado do que na vertente “doméstica”, o que significa um cluster da água progressivamente mais internacionalizado, com mais de metade das Empresas a serem sustentadas com quotas de negócio internacional superiores a 40%. Mal grado os grandes desafios e contratempos, em ambientes por vezes adversos, o risco tem compensado.
Os últimos 15 meses foram pródigos em eventos de afirmação da engenharia portuguesa, o Fórum Mundial da Agua, em março de 2022, o Congresso Mundial da Água da Internacional Water Association (IWA), em setembro de 2022, o Congresso da Água da Associação Africana de Agua e Saneamento , em março de 2023, e muitos outros.
Acredita-se que nos próximos anos se manterão e reforçarão os grandes desígnios nacionais em termos de: a) valorização e projeção da “marca” e “know-how” do setor português da água; b) internacionalização progressiva das Empresas Portuguesas, com diversificação de mercados, oportunidades e parcerias e c) expansão e consolidação da rede portuguesa da água, com as dores que inevitavelmente os riscos e o crescimento sempre trazem às pessoas e às Instituições, mas com a satisfação de se fazer parte de uma aventura comum, para um setor mais preparado para enfrentar, com a coragem dos nossos antepassados, os desafios e choques que o futuro mais uma vez nos reserva.