Em tempos de crise política, boas notícias para o setor

Em tempos de crise política, boas notícias para o setor

Como o recurso água é escasso e os problemas nos sistemas municipais são muitos, estes artigos costumam revelar preocupações. Hoje faremos diferente.

Em tempos de crise política, que pode atrasar a divulgação e discussão pública da “água que une”, pela qual tanto esperamos, falemos de coisas boas.

A primeira, nada fizemos por ela, mas aconteceu: o inverno veio tarde, mas veio e choveu. No Algarve, Odeleite e Beliche estão com mais de 70% da sua capacidade, e até no Barlavento, a Bravura chega aos 30%. É tempo de ficar aliviado, mas é tempo de aumentar mais ainda a racionalidade dos usos. Penso também ser tempo de abandonarem a ideia de construir mais barragens no Algarve e encontrar forma de levar água às barragens que já temos, sendo a captação no Pomarão e a interligação entre Barlavento e Sotavento essenciais. Vai haver um “último verão” se não atalharmos o caminho, mas é sempre bom que não será o próximo.

Outra boa notícia, esta agora fruto da dinâmica humana e não da bondade da natureza, é o investimento das Águas do Douro e Paiva na inovação e eficiência através da digitalização. No setor das utilities, a água, por ser a mais barata, foi a última a beneficiar das novas tecnologias. Sendo a água um recurso tão escasso, estou mesmo convencido de que os 800 000 euros investidos serão recuperados depressa (no valor económico e no valor ambiental). Confesso a minha satisfação quando vejo que há empresas no grupo Águas de Portugal que agem com autonomia e concluem projetos relevantes à margem do risco de centralismo da holding.

Esta área das novas tecnologias aplicadas ao setor parece ser, infelizmente, a única que avança, assim nos diz o RASARP 2024, da responsabilidade da ERSAR. É no esforço de monitorização que se destacam as principais novidades positivas, nomeadamente no índice de conhecimento infraestrutural, no índice de medição de caudais e no índice de conhecimento de ativos físicos. Sei que estou a fazer uma leitura muito parcelar do relatório, mas há dias em que devemos, sem dourar a pílula, animar quem tanto se esforça dentro do setor.

Guardo a esperança de que o próximo artigo seja sobre a nova estratégia para a água. E, já agora, que haja razões para que o tom também seja otimista.

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