
Energia em 2021, avanços e recuos
No fim do ano como é habitual as empresas anunciam os preços da energia para os seus clientes no ano novo. As descidas das tarifas do mercado regulado e os descontos da parte fixa das tarifas no mercado livre já tinham sido anunciadas.
As grandes empresas Ibéricas apesar destes descontos anunciaram aumentos médios das tarifas elétricas próximos de 3%. Em contra ciclo uma das maiores anunciou descidas.
O mercado grossista continua com valores máximos. A resistência de Bruxelas em recusar qualquer adaptação destes mercados ao novo mix de produção de eletricidade, poderá levar a que deixem de ser uma referência eficiente de preços para os agentes económicos, ficando sem utilidade pública relevante.
O norte de Espanha e seis estados nos EUA, estão a ser varridos por tempestades invulgares de grande impacto destruidor. O aumento da frequência e impacto destes eventos deveriam catalisar a criação de mercados a prazo com entrega e regulação físicas, visando uma partilha de riscos entre todos os agentes.
Da cimeira de Glasgow esperava‑se uma clara metodologia para encerrar nesta década a maioria das centrais de carvão, em especial nos países muito dependentes desta tecnologia, como a China e Índia. O carvão é a fonte de produção de energia elétrica mais emissora de CO2, mas é também o combustível mais disseminado pelo mundo. Os grandes países produtores são também grandes consumidores.
Os países pobres para deixarem o carvão, necessitarão de grandes ajudas económicas sem as quais ficarão ainda mais pobres.
O novo governo da Alemanha prometeu antecipar o fecho das centrais de carvão em oito anos para 2030.
Com o encerramento antecipado das centrais nucleares, após o desastre de Fukushima, o país ficou mais dependente carvão e gás natural pelo que a tarefa não será fácil. Espera‑se que consigam massificar a utilização do hidrogénio. Mas que hidrogénio irão produzir? O azul com utilização de combustíveis fósseis e o armazenamento de CO2? Em França, sem surpresas, criou‑se um consenso nacional em volta do relançamento do nuclear, com o acordo e suporte explícito de Bruxelas.
Portugal este ano encerrou a última central a carvão no Pego. Estas centrais durante três décadas e meia contribuíram para a qualidade da energia que hoje temos mas, para o futuro, temos outros desafios onde o carvão não tem lugar.
O ano de 2021 não cumpriu as expetativas criadas pela conferência de Glasgow, esperemos que em 2022 o exemplo português frutifique e os países honrem as suas promessas.