Há qualquer coisa que não está bem

Há qualquer coisa que não está bem

Desde “As Praias de Portugal” de Ramalho Ortigão até hoje, muita coisa mudou, tanto nas chamadas zonas balneares como nos próprios hábitos de férias dos portugueses. A procura das praias aumentou imenso, tanto para banhos como para actividades de lazer ou desporto, seja nas que estão em zonas costeiras como nas chamadas praias fluviais. Dantes havia um grande número de praias quase naturais, hoje há muitas praias mobiladas. Dantes havia banheiros, hoje há nadadores‑salvadores.

A preocupação com a qualidade das águas em zonas balneares conheceu um grande impulso há cerca de quarenta anos, por razões de saúde pública. Muito foi feito e hoje vemos com satisfação que a grande maioria das zonas balneares apresenta água com qualidade adequada ao seu uso, ostentando a bandeira azul.

Mas, de acordo com dados adiantados pela comunicação social, só este ano já terão morrido quase sessenta pessoas em rios, albufeiras ou zonas costeiras. Tantas quantas as vítimas da queda da ponte de Entre‑os‑Rios, ou quase o número de vítimas dos incêndios em Pedrógão há cinco anos. Não gosto de fazer comparações com o que se passará noutros países, mas é verdadeiramente um número preocupante, e ainda o verão não começou. Diversas razões estão por detrás desta situação, muitas das quais se deverão a descuido, irresponsabilidade ou ignorância. É verdade que muitos dos acidentes se deram fora da época balnear ou em locais não vigiados.

Mas as recentes notícias de que muitos concursos para contratação de nadadores‑salvadores ficaram vazios são naturalmente da maior preocupação e até de alguma perplexidade, face ao argumento de que a remuneração oferecida não atrai quase ninguém. Não sei se se irá comissionar este problema, mas receio que esta situação possa contribuir para diminuir a protecção dos banhistas e aumentar o risco de ocorrências graves nas nossas praias.

Não deixa de parecer absurdo pensar que tanto se faz, e bem, pela protecção do ambiente e da saúde dos banhistas, e ao mesmo tempo o número de vítimas mortais mostra uma tendência de crescimento preocupante. Para além da sensibilização ambiental é fundamental investir na informação e na protecção de todos.

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