Más notícias para a Energia

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Há uma semana, a ADENE - Agência Portuguesa para a Energia publicava um comunicado de imprensa revelando que o consumo de gás natural (GN) caiu 21,1% no primeiro semestre do ano de 2023, face ao período homólogo de 2022. Afirmava também, noutro comunicado de imprensa que “Portugal está energeticamente menos dependente do exterior”, revelando que em 2011, Portugal apresentava uma dependência energética de 79,4% e em 2021 esse valor baixou e situou-se nos 67,1%. Poderemos ficar satisfeitos com estas revelações, apresentadas como muito positivas? Objetivamente não! Bem pelo contrário.

A importação de energia elétrica está em níveis recorde

Comecemos pela dependência energética: efetivamente os números de 2021 apresentados são corretos, mas o que não se diz é que já são conhecidos valores oficiais referentes a 2022 e que mostram que a dependência energética subiu 4,1 pontos percentuais relativamente ao ano anterior, situando-se em 71,2%, segundo o relatório da DGEG – Direção-Geral de Energia e Geologia “Balanço Energético Sintético 2022”, sendo que este valor é ainda maior (73,4%) se não for contabilizada a contribuição das bombas de calor, uma muleta que passou a ser utilizada e com retroatividade ao ano de 2014. Ou seja, Portugal regressou aos níveis de dependência de 2013 e na União Europeia foi em 2022 o 10º país com a maior dependência energética e 11,4 pontos percentuais acima da média UE-27, que foi de 55,5%. Se descontarmos os países insulares ou muito pequenos, Portugal aproxima-se do topo da tabela dos países mais dependentes em termos energéticos. E quando tivermos acesso aos valores de 2023 provavelmente estaremos em posição relativa ainda pior, pois a importação de energia elétrica está em níveis recorde.

Quanto ao GN, vejamos: no primeiro semestre de 2023, o consumo de gás natural caiu 21% para o valor mais baixo desde 2016, como noticiava o Jornal de Negócios. É bom? Não, tendo em conta o que isto pode revelar. Analisada a evolução dos consumos de GN desde 2016, numa base semestral e de acordo com os dados da REN – Redes Energéticas Nacionais, a segmentação por consumidores mostra que o consumo do 1º Semestre de 2023 de GN dos clientes ligados em Alta Pressão (a grande indústria nacional) representou apenas 59% do que se verificava em 2016 e o consumo para a eletricidade 67%. Mostra um país desindustrializado e com uma indústria que ainda não recuperou dos efeitos da COVID. E mostra também uma geração elétrica com menos GN porque a importação de eletricidade está, infelizmente, em níveis recorde.

E isso vê-se na evolução do índice do saldo importador de produtos energéticos, que passou de 100 em 2016 para 328 em 2022. Mais do que o triplo! Portugal está mais dependente e com a sua fatura energética a crescer.

São tudo más notícias.

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