Novos desafios, novas oportunidades

Novos desafios, novas oportunidades

Até há relativamente pouco tempo, era quase tabu falar‑se de dessalinização. Parecia impossível que um país como o nosso, com tantos recursos de água superficiais e subterrâneos, pudesse cometer a heresia de recorrer à água do mar. Os tempos mudam.

Quebrou‑se o tabu, aumentou a percepção da incerteza climática, o tema começou a ser falado por agentes do sector, empresários e governantes. Para além da garantia da disponibilidade, o factor económico contribuiu para colocar esta solução na equação. Para além disso, Portugal tem uma longa costa, ao longo da qual se encontra uma faixa de poucos quilómetros onde vive quase 80% da população. A reutilização das águas residuais apresenta também algumas características interessantes. O custo tem também um peso importante, decorrente essencialmente da distância e do desnível a vencer até que as águas cheguem ao destino, sendo a qualidade da água um aspecto importante por razões de saúde pública. Noutros países, a reutilização das águas residuais passa também pela recarga de aquíferos, o que permite que seja feita ao longo do ano. Penso que esta solução também mereceria ser estudada em muitas situações que não passassem pela sua utilização imediata.

Ambas as soluções já mereceram algumas iniciativas. Há uns anos, com um grupo hoteleiro a fazer uma dessalinizadora no Alvor. Mais recentemente, campos de golfe a procurarem águas residuais tratadas para as necessidades de rega.

Seja qual for a origem de água, o custo da energia mostra uma tendência para aumentar. Neste momento, já pesa nos orçamentos familiares. A questão energética está cada vez mais presente na geopolítica europeia, por razões agora conhecidas, mas que seriam de antever há muito. A verdade é que já conhecemos a época do carvão, do petróleo, da hídrica e, mais recentemente, do solar ou da eólica. No entanto, constata‑se que nenhuma destas desapareceu ou deixou de ser usada.

Houve sempre espaço para acomodar novas formas de energia, até porque a procura energética, a par do crescimento populacional, não dá mostras de diminuir. Fala‑se agora do hidrogénio e penso que o nuclear voltará a ganhar oportunidades. Acredito que a inevitável transformação energética poderá constituir uma oportunidade para o uso da água nos diversos sectores.

Última nota: parece que a área ardida até agora foi só 70% da que uns certos algoritmos previam. Sabendo que um auto‑tanque de 10 000 litros se esvazia em poucos minutos, poupou‑se imensa água que tanta falta faz neste ano de seca.

 

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