
O MIBEL e a gestão do sistema elétrico nacional
Tem-se lamentado ultimamente a excessiva importação de eletricidade de Espanha, que teria originado perdas para o país de centenas de milhares de euros.
A principal causa deste desgoverno seria a saída antecipada das centrais de carvão em especial a de Sines. A realidade não é essa e a história conta-se rapidamente: em 1998 entrámos como agentes externos para o então criado mercado de eletricidade em Espanha, OMEL; em 2007 entrámos como membro de pleno direito neste mercado, que passou a designar-se MIBEL – Mercado Ibérico de Eletricidade.
Segundo as novas regras todas as unidades de produção de eletricidade da Ibéria passaram a oferecer a energia na mesma plataforma. Para satisfazer a procura ibérica são selecionadas as centrais que apresentam melhores preços horários de energia. Se os agentes nacionais importam eletricidade é porque a energia oferecida pelas centrais instaladas em Portugal é mais cara. Todos os consumidores têm beneficiado com este mercado, em especial os industriais e comercializadores.
As licenças de emissão de CO2, rondam na data em que escrevo 80€/ton de CO2.
As centrais de carvão grandes emissoras de CO2 viram drasticamente diminuída a sua utilização a nível Ibérico. É este o contexto para saída da central de Sines.
O mercado das licenças de emissão de CO2, ao forçar a saída das centrais de carvão, diminuiu a oferta de energia. As centrais hídricas com armazenamento, que são geridas na logica do custo de oportunidade, viram o seu valor e utilização aumentar, em especial em períodos de fraca pluviosidade e preço de gás natural muito elevado.
Porém, sem o mercado ibérico de eletricidade, as importações nacionais de carvão aumentariam e os consumidores pagariam a eletricidade muito mais cara.