O que será que será?

O que será que será?

O dramático retrocesso civilizacional a que assistimos com a proliferação de guerras e a regressão de políticas ambientais parece ter relegado para uma posição insignificante as preocupações públicas com o ambiente. Será?

O último inquérito do Banco Europeu de Investimento (2024) aos europeus e norte-americanos dá-nos indicações importantes sobre as opiniões públicas nos dois continentes acerca das alterações climáticas (AC). Vale a pena destacar alguns dados.

Desde logo, entre os três maiores desafios que enfrentam nos seus países, logo a seguir ao ‘aumento do custo de vida’, os europeus colocam as ‘alterações climáticas’ e os ‘grandes fluxos migratórios’, enquanto os norte-americanos destacam a ‘instabilidade política’ e as ‘alterações climáticas’ em segundo e terceiro lugar.

Para metade da população, tanto europeia como norte-americana, a adaptação às AC é uma prioridade absoluta (apenas 12% dos americanos não consideram o assunto importante).

Acresce que, em ambos os continentes, a esmagadora maioria dos inquiridos (86%) considera que a adaptação às AC requer investimento agora para evitar custos mais elevados no futuro, ou seja, políticas preventivas (referenciadas ainda mais fortemente por Malta e Portugal). Mais de 80% dos inquiridos nos dois continentes considera, aliás, que tal investimento ajudará a criar empregos e a impulsionar as economias locais.

Quanto aos eventos climáticos extremos, cerca de metade da população, de ambos os continentes, refere que, nos últimos 5 anos, já sentiram impactos negativos que daí advêm, sobretudo ondas de calor extremo e, no caso de Portugal, também os incêndios.    

Quanto ao futuro, 73% dos europeus e 56% dos norte-americanos declaram-se preocupados com o impacto potencial das AC nas suas vidas, e a maioria dos inquiridos em ambos os continentes afirma que, em função disso, necessitarão de adaptar a sua forma de viver.

Mais. Cerca de 40% dos europeus e 51% dos norte-americanos afirmam que terão de se mudar para um local mais fresco ou menos exposto aos riscos climáticos…

Finalmente, sublinhe-se que a maioria dos cidadãos de ambos os continentes (58%) defende que o seu país deveria pagar mais para ajudar os países em desenvolvimento e, portanto, mais vulneráveis, a adaptar-se às AC.

Os tempos mudam tudo, e cada vez mais depressa, mas as opiniões públicas parecem bem mais avisadas do que as ações governativas vêm deixando entender. A democracia é de bom conselho. Ouçamos e esperemos as novas mudanças que este inquérito sugere.

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