
Recolha de resíduos têxteis
O novo Regime Geral de Gestão de Resíduos (nRGGR) atribui às entidades responsáveis pelos sistemas de gestão de resíduos urbanos (SGRU), a responsabilidade de promoverem atividades de reparação e reutilização de têxteis e disponibilizarem uma rede de recolha seletiva de resíduos têxteis, até 01/01/2025.
Este foi o tema da dissertação de mestrado em Engenharia do Ambiente da estudante Beatriz Soares, que contou com a minha orientação, e que teve como caso de estudo o concelho de Cascais. Deste estudo destaco as seguintes conclusões que, embora específicas do município de Cascais, muito provavelmente refletem a realidade de outros municípios:
- A Cascais Ambiente, entidade responsável pela gestão dos RU, desconhecia quantos contentores para a deposição de roupas usadas existiam no seu território; fez‑se um levantamento no terreno, tendo‑se identificado e georreferenciado um total de 95 locais com estes contentores (1 ponto de recolha por 2250 habitantes);
- Do questionário realizado a uma amostra de munícipes, conclui‑se que os destinos dados às roupas que deixam de ser usadas mas ainda em bom estado são principalmente a doação, a pessoas próximas ou diretamente a instituições de caridade, ou a colocação num dos contentores localizados na via pública; já em relação à roupa estragada as práticas mais referidas são o aproveitamento do tecido para outras peças ou panos ou a colocação no caixote do lixo; cerca de 81% dos inquiridos conhece a localização dos contentores para deposição de roupa usada e 57% utilizaram‑nos pelo menos uma vez no último ano; o destino dado às roupas colocadas nestes contentores revelou‑se um assunto sensível, tendo alguns inquiridos comentado a importância de uma maior transparência e informação em relação a este assunto.
- Das entrevistas realizadas às entidades que se dedicam a esta atividade no concelho, foram apontados como maiores constrangimentos as limitações de espaço de armazenamento, o esforço de recursos humanos para rececionar e fazer a triagem às roupas, a ausência da prática de registo das quantidades recolhidas; a maioria mostrou‑se recetiva a um eventual acordo ou protocolo com a Cascais Ambiente.
Seria interessante avaliar se há ou não vantagens em criar um sistema semelhante ao implementado em França em 2007, em que a recolha é organizada pela EcoTLC, a única entidade acreditada para proceder à organização da recolha de vestuário, têxteis do lar e calçado, ao abrigo da responsabilidade alargada do produtor (EPR).