Ricos mais ricos, pobres mais pobres

Ricos mais ricos, pobres mais pobres

A evolução da situação económica das famílias portuguesas nos últimos anos tem vindo a ser objecto de diversos estudos que, infelizmente, não deixam de mostrar um panorama deveras preocupante. Se acrescentarmos a esta situação as previsões de uma combinação de recessão económica e de inflação, que já são comummente aceites para o próximo ano 2023, teremos razões para estar mais que preocupados, diria mesmo envergonhados. Muitos destes estudos baseiam-se aliás nos números do Instituto Nacional de Estatística sobre os principais indicadores de desigualdade, pobreza e exclusão social em Portugal.

A pandemia do Covid 19, a crise económica e a sistémica incapacidade de acompanhar os níveis de crescimento da generalidade dos outros países do espaço europeu tiveram efeitos diversos nos rendimentos dos diferentes grupos da população, tendo-se verificado um empobrecimento da classe média em particular. Na realidade, a par de um crescimento do salário mínimo, o salário médio teima em baixar e o poder de compra em diminuir. Mas porventura a característica principal da evolução das desigualdades ao longo dos anos tem sido o aumento contínuo do fosso que separa as famílias e os indivíduos mais ricos dos mais pobres. Tal como os municípios.

A onda de turismo verificada por todo o país nos últimos anos, a que o país nunca tinha assistido, veio também introduzir profundas alterações nas principais cidades de Lisboa e do Porto, e no Algarve. No caso de Lisboa, aumentou o número de estabelecimentos comerciais e, das cerca de 320 mil casas de habitação, estima-se que quase 12% são usadas como alojamento local ou equivalente. Em termos das tarifas de consumo de água, significa que houve um aumento significativo de clientes comerciais em detrimento do número de clientes domésticos, com o consequente aumento de receita pela venda da água. A tarifa actual dos clientes comerciais é de quase dois euros por metro cúbico, a mesma do 3º escalão dos clientes domésticos (considerados de grande consumo).

Por outro lado, muitos municípios do chamado interior do país debatem-se com uma persistente redução e envelhecimento da população o que tem como consequência, entre muitos outros aspectos, uma dificuldade acrescida na prossecução da sustentabilidade económica dos sistemas de abastecimento de água e de drenagem e tratamento das águas residuais.

Há que encontrar uma política tarifária tecnicamente correcta e socialmente justa, mas talvez mais importante, um conjunto de novas e diferentes políticas em quase todos os domínios da nossa sociedade e do nosso território.

 

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