Será que nos une?

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Foi apresentada a estratégia para a gestão da água. É um documento de base técnica, apresentado por um primeiro-ministro de um Governo em fim de missão.

Começo por aqui. Fez bem o primeiro-ministro em apresentar a estratégia. Ao contrário do despudorado momento pelo meio das bancas do renovado Mercado do Bolhão, a ‘Água que Une’ é um documento do Governo AD, que estava anunciado, e fez todo o sentido que fosse conhecido durante esse mesmo Governo. Este não é nenhum anúncio eleitoral, mas sim uma parte de um programa que tem propostas que mexem com o nosso futuro e, por isso, devem ser conhecidas para serem discutidas por técnicos, sem deixarem de ser, também, um motivo de escolha eleitoral.

E se o caos na saúde, a opacidade e o desejo de governar apenas para alguns merecem, na minha opinião, uma forte censura, não é por esta estratégia, discutível como tudo na vida, que se deve ir a correr pensar noutro governo.

É curto o espaço deste artigo, mas não resisto a um aparte. Discutir a escassez no meio da abundância de água nunca é fácil. Mas disso ninguém é responsável, a não ser que, no seguimento das rezas da chuva da então Ministra Cristas, os algarvios acreditem que as preces da atual titular da pasta são mais poderosas, tão poderosas que levam a uma eleição.

Na estratégia, os objetivos são certos e as prioridades também. Podemos dizer que a palavra eficiência vem dos anos 80, mas é mesmo de mais eficiência e de melhor gestão que os sistemas precisam. Criar novas origens é a prioridade f), e não me choca que assim seja. Das 16 barragens propostas, talvez se venham a fazer 1,6. E se assim for, que a do Ocreza seja a barragem a construir, muito mais precisa que a do Pisão. O rio Tejo precisa mesmo desta barragem para regularizar os seus caudais.

Os números de partida da estratégia geram desconforto. Prevista, até 2024, apenas uma redução de 6% da disponibilidade hídrica. Ao invés, previsto um aumento de 26% do uso. Dizia o saudoso arquiteto Jaime Lerner que “tendência não é destino”. Esta máxima deve aplicar-se à procura; façamos tudo para que aquela não cresça ¼. Mas em relação à oferta, não está nas nossas mãos contrariar a tendência. Por isso, a palavra parcimónia deve fazer parte da estratégia.

Acrescento ainda que profissionalizar a gestão do regadio no Tejo e no Mondego, esses rios tão cantados, como diria a Agustina, parece-me uma excelente iniciativa.

Para a próxima, em igual título, serei mesmo positivo. Mas fica a certeza de que esta água não nos desune.

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