
Ambientalistas defendem aposta na renaturalização no Plano Nacional de Restauro da Natureza
No âmbito do Dia Mundial da Vida Selvagem, que se celebra hoje, 3 de março, as associações Rewilding Portugal e a ZERO, alertam, em comunicado conjunto, para a necessidade do futuro Plano Nacional de Restauro da Natureza, a preparar até agosto do próximo ano, prever que o rewilding (renaturalização) figure como opção válida, de baixo custo e muito eficaz como medida para restaurar ecossistemas à escala da paisagem.
As duas associações salientam a importância da promoção do rewilding, a renaturalização, que "coloca o foco em restaurar processos naturais − ciclos de nutrientes, ciclos naturais do fogo, predação − e deixar que estes dêem forma às paisagens terrestres e marinhas de forma dinâmica".
Recordam a aprovação no ano passado pela União Europeia (UE) da Lei do Restauro da Natureza, que determina que os países apresentem até agosto de 2026 os seus planos nacionais de restauro, um documento que impõe metas para a recuperação de habitats degradados e o combate à perda de biodiversidade no espaço europeu, "com o objetivo de abranger, conjuntamente, pelo menos 30% das áreas terrestres e das áreas marinhas até 2030 e, até 2050, todos os ecossistemas que necessitam de restauro".
Em Portugal, salientam o Grande Vale do Côa é um exemplo de paisagem que está em processo de renaturalização. “Um bom exemplo que ilustra esta abordagem e que poderia ser replicado noutras áreas do país, como por exemplo em áreas já protegidas e em baldios. Para além dos benefícios do restauro ecológico, esta paisagem está também a beneficiar de um aumento de ecoturismo potenciado pela criação da Rede Côa Selvagem, uma rede com mais de 60 parceiros do setor turístico e de produtores locais que tem vindo a melhorar a oferta local, numa abordagem ambiciosa e com visão de futuro para o território. É urgente avaliar o potencial de rewilding em outras áreas de Portugal, Madeira e Açores, identificando oportunidades para dar resposta às metas da Lei de Restauro”, adianta a mesma nota.
As duas associações salientam ainda que o rewilding como abordagem de gestão da paisagem - combinada com a remuneração dos serviços de ecossistemas aosproprietários rurais - “traz benefícios claros para recuperar paisagens degradadas e reforçar a qualidade de vida das populações locais, hoje prejudicada pelas políticas públicas”.